quinta-feira, 4 de setembro de 2014

ENSINAMENTOS DE VIDA E DE MORTE!


Sou prisioneiro de minha própria liberdade! Não sei quando partirei porque só a Deus é dado o direito de saber quando isso ocorrerá. Mas sinto-me pronto para acompanhá-lo nessa nova caminhada! 

Mas, quando acontecer meu encontro com a morte, da qual venho me desviando com remédios, visitas a médicos, exames, controles e tudo o que posso fazer com medicina para manter minha vida terrena - com Deus viverei a vida eterna - não procurem decifrar-me pelo que fiz e, sim, pelo que deixei de fazer por falta de tempo. Também não quero ser conhecido por uma única obra, mas pelo conjunto de tudo o que produzi de forma desesperada, terna, revoltada, filosófica, poética ou introspectiva. Não fui um homem de uma obra só, mas poderei ficar conhecido na história por uma delas ou por todas elas, ou poderei ser também esquecido porque nada do que fiz em minha vida, possa ter servido para alguma coisa. Com essa dúvida cruel seguirei para o túmulo porque não terei como saber o que vai me acontecer depois de morto. Em vida, tenho recebido homenagens, de várias formas!

Deixarei, talvez, alguns amigos tristes ou comemorando, como poderei saber? Talvez chorem ou comemorem, quem saberá? Nunca ninguém voltou do túmulo para se saber sobre dessas coisas! Sei que irei dentro de um caixão, mas nada! Partirei como todos partes porque esse é o destino natural da vida: nascer, crescer, viver e morrer. A árvore da vida está perdendo suas folhas. Tento colá-las, mas é impossível. Não se pode receber de volta o que já se perdeu. O passado não volta. Ele nos ensina com os erros e acertos, como devemos caminhar para frente, rumo a um horizonte que desejei que fosse diferente, com uma velhice tranquila e sem remédios. Isso não aconteceu, infelizmente: sobrevivo com remédios e passo a maior parte do tempo dopado! Sem eles, morrerei mais rápido, embora saiba que todos morrerão um dia também. Sou feliz, porque a felicidade sempre morou ao meu lado, na minha família. Eu a buscava sempre onde ela não estaria. A dor é só doida para quem apanha; não, para quem bate. Vou vivendo minha dor porque carrego a cruz que mereci! Todos os seres humanos apodrecem sempre da mesma forma: de dentro para fora, independente de riqueza ou pobreza!

Mas, que graça teria a vida soubéssemos ser eternos na terra também?  Terei a eternidade para viver ao lado de Deus! Sempre que vi a morte e estava viva em forma de  luz branca e intensa, com anjos de branco cuidando de mim. Talvez isso tenha me mantido vivo até hoje, mas não descuido dos remédios que tomo e nem dos médicos Dr. Dante Luis Garcia Rivera, infectologista e da médica infectologista Silvana Lima e Silva, que sempre me orientam, receitam medicamentos e me cobram exames a cada seis meses. Os dois são meus anjos da guarda na terra e minha esposa Yara Queiroz é meus olhos, braços e cuidados quando vou a banco. Nada mais sei fazer sem minha esposa, nem de caso saio se ela não me levar. As vezes reconheço que me tornei um chato, outras vezes ela se torna briguenta e assim, vamos construindo nosso encontro das águas de amor, no qual as águas negras do Rio Negro nunca se misturam com as águas barrentas do Rio Solimões, mas se amam e se entrelaçam no encontro e nas diferenças.

Não me arrependo do que fiz, mas do que deixei de fazer, do que quis realizar e não consegui fazê-lo porque minha vida está sendo encurtada por bactérias incuráveis desde 2006. Também não levo mágoas porque a vida me terá sido curta demais para  sentir mágoas de alguém. Tenho muito a agradecer, mas não sei a quem porque são amigos que fiz na era da internet, outros que os mantendo.. Os que só passaram pela minha vida e nada deixaram, os perdoarei por terem sido insensíveis. Os que me acompanharam, gostaria de tê-los abraçado um por um até meus braços cansarem, tantos foram os anônimos e leais amigos que ajudaram, especialmente a minha mestra, Iraildes Caldas Torres, orientadora de pesquisa em Serviço Social, hoje doutora e pós doutoranda,  com várias obras publicadas. Contudo, tenho consciência e humildade para saber que ainda não sou nada porque aprendemos com o tempo, a vida, os erros, as tentativas de acertos e burrices, porque a vida é um eterno aprendizado que nunca acaba.

9 comentários:

  1. O que dizer?...basta sentir. Quando nos deparamos com situações como esta descrita ai e que vc já me deu o privilégio de ter o conhecimento, fica uma mensagem sábia da valorização da vida de forma que cada momento seja vivido em sua plenitude, e mesmo que parados, intactos, ainda assim podemos agir pela força do pensamento e da sabedoria a nós concedida e de alguma forma modificar, para melhor, a forma de perceber a vida. Abração.

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  2. Olá carlos.





    Voce é um guerreiro e ainda vai viver um bom par de anos. De qualquer modo, me parece que voce encara a morte com tranquilidade, eu penso nela de vez em quando , emboara já tenha chegado aos setenta. Coragem meu caro, siga as orientações do médico e aproveite, porque agora, só teremos tempo para ser felizes. Ceição.

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  3. Nada de despedidas, amigo! Você vai viver muito ainda.

    E quem pode prever esse momento? Só Deus sabe.

    Vamos, ânimo! Pare de falar dessas coisas tristes.

    Procure curtir o agora com alegria junto de sua companheira

    que, pelo que vc já disse, é uma ótima esposa. Ela ficará feliz e vc também.

    Abraços

    Estela

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  4. Escritor Antônio Gosson (Natal)4 de setembro de 2014 às 17:49


    Belo texto, lúcida prestação de contas.
    Eduardo Gosson

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  5. Luiz Eduardo Oliveira4 de setembro de 2014 às 18:06

    E lógico que você vai viver muito. Entregue sua vida a Deus pois ELE e que decidira e quando desejar o seu canto do cisne.

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  6. Oi amigo, voce já tentou todas as alternativas? Estou tendo algum sucesso com alimentacao crua ou pouco cozida em vapor, bem como agua alcalinizada, polarizada, magnesio, sem carnes vermelhas, mas o meu caso parece mais facil, estou diabetica tipo II.... nao sei se vc já tentou algo parecido, mas precisava te dizer pois alguns alopatas acham isso uma palhacada... mas tenho tido alguns resultados positivos, mesmo que tímidos. Grande abraco e sejamos fortes!

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  7. Caríssimo Carlos Costa
    Obrigado por compartilhar sua luta vida seu aprendizado frente a morte
    Coincidentemente desde 2006 para superar a perspectiva do pânico decorrente de um zumbido nos ouvidos conheci o Yoga e a partir dele cheguei ao Vedanta
    Esses ensinamentos nos dizem que nossa natureza intrínseca já é livre de limitações portanto está além do tempo vale dizer das manifestações duais tipo dor e prazer alegria e tristeza e por aí vai
    Apesar de não podemos demonstrar essa Verdade seu Conhecimento nutre naquele que o busca a certeza de Eu sou Aquilo
    Visto desta forma toda impermanência representa a própria Realidade Consciência e Bem Aventurança não nascida sem segundo insondável eterna inefável
    Contudo tudo o que dissermos sobre essa Realidade Absoluta e sua correlata Solução Última poderá apenas apontar para o Ser que já Somos mas que não nos damos conta
    O zumbido permanece mas sem nenhuma força e nunca tomei um remédio sequer para mitigar o pânico completamente dominado (sei que isso está longe da encrenca que representa sua infecção mas é o meu exemplo o meu testemunho para o que proporei )
    Sugiro que medite sentando por 10 a 20 minutos todos os dias apenas observando sua respiração utilizando o mantra sagrada do hinduísmo SO HAM sendo SO na inspiração e HAM (que se pronuncia com R) na expiração
    Nunca force nunca julgue apenas observe e mantenha a concentração
    SO HAM significa em sânscrito transliteralizado Eu Sou Ele
    Boa sorte
    Sempre Luz!

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  8. Faço minhas as palavras do escritor António Gosson.Todos nós,um dia,meditamos sobre nossas vidas.Viver um dia de cada vez,hoje sendo melhor que ontem,vai ocupar seu pensamento com algo de mais útil que viver de dúvidas ou angústias.Cada um é como é e pronto!Abraços de além-Mar

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  9. Dalva Agne Lynch (Escritora)15 de setembro de 2014 às 09:53


    você ainda vai ficar por aqui muitos anos, agraciando-nos com suas letras!
    abraços,
    Dalva

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