Como fez o advogado, poeta e
ator já falecido com mais de 90 anos, Mario Lago, também farei meu próprio
acordo com o tempo: permitirei que continue pintando meus poucos cabelos
cor de prata, mas nem ele virá atrás de mim e nem correrei a seu encontro! Um
dia qualquer, nas esquinas das Ruas VIDA e MORTE, certamente
nos encontraremos, nos abraçaremos e caminharemos de braços dados um ao lado do
outro. Pronto, estará consumado meu viver terreno! Inusitado, mas irreal esse
encontro para todos os seres vivos. No último ato de minha vida terrena,
serenamente acompanharei a morte para onde quer que me leve mas quero continuar
vivendo com Deus!
Não devo ficar esquecido. Enquanto
falarem de mim ou sobre o trabalho que deixarei, sentir-me-ei imortal.
Depois que me esquecerem e não falarem mais nada sobre mim ou meu trabalho, já
terei virado pó da insignificância! Espero que a morte não chegue rápido, nem
seja dolorida mais dolorida do que a vida. Viver não ê fácil, morrer é fácil;
basta estar vivo! Ao contrário do ator Mário Lago, não quero viver mais do que
noventa anos. Não tenho mais saúde para isso! Mas a ideia da morte para todos
os mortais não me apavora mais! Deve vir como um sono profundo para nem a
perceber. Queria morrer como um passarinho, mas não sei se Deus me concederá
meu último desejo!
Contudo, peço que me deixe um pouco
mais entre os mortais - que todos seremos um dia - para poder
aproveitar e observar mais atentamente e continuar me purificando
espiritualmente - ensinando aos que não sabem e aprendendo um pouco
com os que dizem que sabem, mesmo não sabendo nada do que dizem. Mantenho a
certeza que ninguém seja totalmente analfabeta que alguma coisa não possa
ensinar do mundo tecnológico! O mais burgo dos homens nascido na era
tecnológica, nascido já manuseando um computador, um tablete ou celular e redes
sociais, sabe mais do que sei!
Já estou pronto para acompanhar morte
sem quando ela vier me buscar. Afinal, já vi a morte me observando 11 vezes,
desde o ano de 2006. Sou campeão de internações pós-cirúrgicas em
UTIs e CTIs em Manaus e SP. Em todas elas cirurgias vi a morte me olhando e ela
sempre estava sempre viva, como disse o cantor Cazuza. Morrer é
apenas virar tristeza para os que ficarem, lembranças e saudades aos que conviveram
e ao meu lado. A ideia da morte não me apavora como já disse, porque me
tornarei lembranças eternas a todos que me conheceram e serei imortal enquanto
pensarem que um dia vivi entre todos os mortais!
Mas viver sendo escravo do celular
que dispara sempre nos horários dos remédios passei a toma-los desde 2006,
quando operado de empiema cerebral em sala de aula, faz muito mal tendo que
reaprender tudo de novo. Hoje, vivo tudo maciamente e me fará diferença
continuar vivendo ou morrendo para o mundo e continuar vivo morando ao lado de
Deus!
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