segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"PAI, VOCÊ É BURRO! (atualizada)


                                             
Sempre que solicito ajuda ao meu filho para resolver algum problema na área de informática (anexar arquivos, por exemplo), ele me diz:

- Pai me desculpe! Mas você é muito burro!

Tenho que me contentar que sou “burro” .

Na minha adolescência não existiam celular com bluetooth, TV de plasma ou LED, internet banda larga 3G, computador com câmera embutida, MP3, enfim, não havia nada dessas coisas tecnológicas modernas que existem à disposição, a tempo e a hora para a garotada ficar presa dentro de minúsculos “apertamentos” de até 3 quartos, sendo uma suíte, de no máximo 70 metros quadrados ou até menores ainda! Basta que o pai ou a mãe aceitem comprá-las porque a juventude ainda não compra nada e ainda mora com os pais, mesmo com mais de 30 anos, que já não pode ser considerada tão “juventude” assim, mas “problematude”, talvez, uma mistura de  problemas e juventude! Na minha adolescência, a TV e os rádios eram de válvulas, celular, nem se sonhava, TVs de plasma,  LED, internet, computador, MP3 eram sonhos  distantes e quase inimagináveis!

No passado, por não existirem as coisas tecnológicas  que existem  hoje que tanto prendem as crianças obesas em casa, por causa da violência, pedofilia, estupros etc.. Na Escola, tínhamos mais amigos, falávamos olho-no-olho, brincávamos  de barra-bandeira, manja-pega, 31 alerta, esconde-esconde,  amarelinha para meninas, bolinhas de gude para meninos, manja, pião, canga-pé; empinar papagaio, tínhamos futebol na rua e tantas outras coisas que criávamos na hora e brincávamos alegres, felizes, sem preocupação ou compromissos.

Na adolescência, existiam mais espaços públicos, praças, árvores, festinhas na casa dos amigos aos finais de semana. Se bebidas, quando existiam, eram inofensivas  (leite de tigre, coquetéis de frutas sem álcool, bombom de hortelã dissolvido dento de um litro de água com um pouquinho de álcool); não se falava em drogas e armas; havia uma separação entre moças virgens e não virgens, que não eram convidadas nem para festas.

Não existiam jogos de vídeo game ensinando a dar tiros e violência, as pessoas se cumprimentavam mais, davam bom-dia, eram mais felizes. Na minha adolescência, se tomava benção aos meus pais, coisa que ainda faço hoje,  aos 50 anos.

Hoje meu filho, além de dizer que sou “burro” e eu aceito que ele esteja certo, não pede mais a benção ao dormir se eu não for ao quarto para pedir-lhe; diz “e aí, cara”...  Enfim, nossa juventude, como já ocorria a mais de 4 milhões de anos antes de Cristo, sou forçado a dizer que essa nova geração está perdida mais uma vez! Mas ouso dizer que  essa juventude não poderá assumir nossos destinos amanhã. Todos os jovens mudam com o tempo e alguns amadurecem à medida que estudam mais e aprendem mais sobre as coisas da vida e do mundo!

A culpa é dessa modernidade toda? Acho que não! A culpa é do excesso de liberdades? Acho que tem a ver! Mas não tenho certeza, pois sou apenas um pai querendo entender a mente moderna e tecnológica dos jovens de hoje! Ou seja, sou apenas um pai querendo entender a cabeça tecnológica de um filho! Nada mais que isso!

Uma coisa eu afirmo com certeza: estamos criando uma geração que só fala no MSN com gíria, códigos; que se esconde no anonimato de niks. Ou seja, uma geração com menos amor, com menos brincadeiras sadias!
Ou seja, estamos criando uma geração cibernética que pesquisa tudo na internet, que não interpreta mais textos, que lê pouco...é uma pena!


6 comentários:

  1. Não concordo com seu filho, Carlos. Você é tão "burro" que deu a ele a vida, a inteligência e o que ele é hoje, para saber que os anos passam e que não somos obrigados a saber o que eles sabem hoje em dia em matéria de informática, internet e tudo mais neste mundo virtual.Não concordo quando você diz que "aceita" isso que ele diz e faz, isso para mim é de uma profunda falta de amor, compreensão e carisma por quem lhe deu a vida, por quem perdeu noites de sono a beira de seu leito quando estava com febre ou chorava por alguma razão qualquer. realmente isso serve de desabafo caro amigo Carlos, porém aceitar tal "adjetivo" não me parece adequado para uma pessoa sensata, amiga, dedicada como você e que dedicou sua vida toda a uma criatura que está ai para descobrir que o mundo é feito de AMOR, PACIÊNCIA E RESPEITO. Um grande abraço amigo Carlos . PARABÉNS POR ESTE ESPAÇO QUE SEU AMIGO LHE FEZ, MERECIDO.

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  2. quem dera tivesse seu filho nascido na sua epoca meu querido,e passado pelas mesmas dificuldades pela qual ja passou ,jamais chamaria vc de burro e daria mais valor em tudo aquilo que tem.

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  3. Concordo contigo, este "burro" não tem o mesmo significado de outras décadas, é sinônimo de lerdo...sim, somos mais lerdos do que esta geração para com os recursos cibenérticos. Discordo ao dizeres que esta geração não lê, não interage, ela só age de forma diferente mas faz as duas coisas. E, tem mais... está nas ruas, como meus filhos também, protestando por um mundo melhor. Ótimas colocações para refletir!

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  4. É, Carlos, também sei o que é isso. Criei meus filhos com muita liberdade, sempre preferi dizer que eles estavam certos e eu que estava possivelmente errada - enfim, quis ser diferente do que fui criada. Se deu certo? Em parte sim - acho-os mais cultos, pelo menos leem mais do que eu lia, não sei, acho. A menina, mais; o rapaz, menos - mas estão independentes.
    Mas uma coisa é certa: fiz e faço, meu marido também, muito por eles. Meu filho com 34, casou-se recentemente - e a filha 32, solteira. O filho está inclusive para a Europa mais a esposa, ontem fomos levá-los ao aeroporto. Tudo lindo... Mas vai xingando no trânsito, bastante intolerante para meu gosto. E volta e meia ambos, filho e filha usam - ainda - de uma boa dose de rispidez com a gente. Mas vamo que vamo. Deus é mais, um dia as coisas se acertam.
    Felicidades para você e família, meu amigo.
    Maria do Carmo - BH

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  5. Rosana Reis E a vida agitada de hju. Os filhos quase dao atencao

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  6. Obrigada. Ótima essa crônica. Parabéns. ! Vou compartilhar. !

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