sexta-feira, 9 de maio de 2014

OS POETAS E EU

PARA YARA QUEIROZ, MINHA ESPOSA



Recebi à porta os poetas Jorge Tufic, que trouxe alguns de seus mais de 50 livros publicados e os presenteou com um boque de rosas a minha esposa e Marcelino Ribeiro, este um misto de poeta, paraibano-amazonense, versejador, cronista,  violonista e blogueiro. Era o aniversário de 49 de minha esposa Yara Queiroz, no nono andar do Edifício Nau Capitania, um amplo e confortável apartamento chamado pelo poeta JT de “palacete aéreo” onde morei com a família, mas tivemos que alugar quando passei a receber a aposentadoria por invalidez.


Estávamos todos na varanda do apartamento de 196 m2, sentindo um vento agradável e olhando uma vista maravilhosa, com o sol se pondo no infinito. Era uma visão inesquecível que registrei em fotos de vários ângulos, esse memorável e histórico encontro.

O JT, com títulos de cidadão concedidos pelas Assembleias Legislativas em vários Estados, sempre levando um lanço branco aos olhos e, em seguida, ao seu famoso bigode. O vasto bigode do Jorge Tufic chegou a ser tão famoso quanto ao seu próprio dono e isso era um deleite para os caricaturistas do passado que desenhavam uma um nariz em perfil e logo abaixo o formato de seu bigode, sempre bem aparado, perfeito e impecável. Todos os que viam a caricatura, sabiam a quem ela pertencia: ao JT, com certeza. Essa caricatura, o poeta chegou a usá-las em alguns de seus  maravilhosos livros de poesia.

Enquanto o Marcelino Ribeiro se apresentava em versos, o cidadão do Brasil, JT, falava sobre os poetas Raul Bopp, Augusto dos Anjos e vários outros, com humildade e simplicidade, mas com a propriedade de um intelectual nos seus mais de 80 anos.  O poeta e repentista paraibano pediu silêncio e mostrou um outro lado de sua intelectualidade que a todos era desconhecida: o de exímio tocador de violão, banjo e cantor afinado também. Mas pediu silêncio para que todos o ouvissem em silêncio!
E a festa de aniversário de minha esposa prosseguia!

Na varanda do “palacete aéreo” , continuava o garçom contratado por mim espoes, servindo bebidas a todos e água para mim. Cheguei a sorrir com algumas engraçadas apresentações em versos que  Marcelino Ribeiro fazia, para quem entrava  no apartamento. E o grupo estava formado.
- Olhe, ele ri – falou a esposa de Marcelino Ribeiro para mim, acrescentando “é um milagre de Deus ele ainda estar vivo”. E é mesmo! Vivo de teimoso só porque DEUS quer que eu viva um pouco mais  com duas bactérias incuráveis em minha cabeça e sempre baixando hospitais para a drenar a secreção que se cria entre o cérebro e o crânio, que me foi arrancado dos dois lados “para evitar uma infecção generalizada”, disseram os médicos.

Tudo bem, se é para eu viva um pouco mais pela vontade e o dom de DEUS e a ajuda da medicina, viverei, mas escrevendo!

E Marcelino insistia pedindo silêncio para cantar a música de um poeta paraibano, “Coração de Borracha”, dizendo que o autor do poema enganava todo mundo com seu coração vagabundo. Foi uma delícia esse encontro intelectualizado e cheio de gostosas gargalhadas. Pelo menos para mim, foi. Matei a saudade de meu poeta mais querido e de meu blogueiro que “mete o couto” para todo lado. Para mim e para todos que estavam no aniversário de minha esposa, também!

Um comentário:

  1. Adorei a cronica com tanta coisa boa,e maravilhosa de ser lembrado em um texto.vai ficar para sempre na memoria.

    Maria Hirschi

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