quinta-feira, 22 de maio de 2014

REDES DE COMBATE À PEDOFILIA EXISTEM, MAS NÃO TÊM APOIO DO JUDICIÁRIO


As redes de proteção e combate aos crimes de pedofilia no Brasil existem, estão desarticuladas,  individualizadas, não se comunicam entre si e quase não funcionam e pouco contam com a colaboração, apoio e ação imediata do Poder Judiciário, apesar da boa vontade de muitos que compareceram à audiência pública promovida pelo deputado Luiz Castro, do PPS, no Amazonas. Mais Delegacias e mais Conselhos Tutelares foram pedidos, bem como uma maior integração com o Judiciário do Estado e com os movimentos sociais que trabalham combatendo essa prática danosa. Hoje, o Judiciário é lento e quase não ajuda; mas atrapalha com sua omissão vergonhosa e proteção aos pedófilos, com julgamento tardios dos casos que envolvem autoridades e empresários. Enquanto isso, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei que enquadra a pedofilia como crime hediondo,  para os futuros casos, a Polícia Federal fez operação no Estado de Goiás e desarticulou uma quadrilha de pedófilos envolvendo empresários, mas a Ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvati, senadora licenciada também cobrou mais agilidade e celeridade do Poder Judiciário para poder efetivar a nova Lei.  


Em Manaus, o deputado estadual do PPS, Luiz Castro, usou da sua prerrogativa de parlamentar para taambém criticar duramente o Poder Judiciário que pouco faz para ajudar a combater a pedofilia no Amazonas, demorando anos e anos para julgar processos que envolvem pedófilos, embora  vítimas e testemunhas existem, como é o emblemático caso que envolve o prefeito de Coari, Adail Pinheiro,  preso preventivamente em Manaus há mais de 81 dias, sem ser julgado, absolvido ou condenado , mesmo já tendo sido preso pela Polícia Federal pelo mesmo tipo de crime e continua no cargo. Voltou para seu município nos braços do povo, dizendo-se perseguido político e negando todas as acusações e mereceu mais um mandato para continuar como prefeito de uma cidade rica em petróleo, mas pobre moral, social e eticamente porque quem deveria criar os conselhos de combate a exploração sexual infantil é quem lidera a rede de pedofilia, segundo denúncias publicadas a nível  nacional, até pelo programa Fantástico, da Rede Globo que, com autorização judicial, teve acesso as escutas telefônicas que o incriminam diretamente.


Sobre o “julgamento”, realizado pela Câmara Municipal de Coari, começaram a circular nas redes sociais denúncias ainda não investigadas, comprovadas ou desmentidas de que cada vereador de Coari teria recebido o valor de 60 mil reais para manter no cargo o prefeito do Município, Adail Pinheiro, preso desde fevereiro em Manaus, acusado justamente pelo crime de pedofilia. Esse mesmo problema deve estar acontecendo em todo o Brasil! Quem devia proteger, é o explorador. Em uma dessas informações, o Município que tem a exploração da Base de Urucu, chegou a ser mencionado como novo “oruruduto”, fazendo uma analogia com o esquema do mensalão que passou a ser conhecido por “valerioduto” devido seu principal mentor ser conhecido como Marcus Valério.


O parlamentar também criticou duramente a transferência de parte dos ex-secretários do prefeito, presos em Manaus, para o município e disse que teve conhecimento de que um deles lancharia “tranquilamente” no centro da sede do município, onde as vítimas continuam recebendo ameaças de todos os tipos. Isso é uma vergonha, como dizia o jornalista do SBT, Boris Casoi. Mais perto das vítimas da quadrilha, terão como ameaçar ainda mais as já amedrontadas e traumatizadas vítimas da exploração. 


Perina Costa, Presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e Adolescente disse que era uma hipocrisia se falar de luta contra a pedofilia se o Judiciário não faz nada ou pouco faz. A Delegada Linda Gláucia, da Delegacia de Proteção a Infância e a Adolescência, a Secretária executiva da SEAS, Graça Prola e outras autoridades presentes denunciaram que as adolescentes que perambulam pela área da feira da banana e do mercado Adolpho Lisboa, no porto de Manaus, estão fazendo rifa de seu próprio corpo para o ganhador, mas ninguém consegue provar ou desmentir essa prática porque todas elas negam. A Secretária Executiva da SEAS, plantonista aos sábados em uma maternidade na Zona Leste disse que crianças de doze, treze e quatorze representam a grande maioria de mães que entram na Maternidade e, como assistente social, decidiu intervir visitando escolas da área e fazendo palestras para as adolescentes.


Diante do desanimo do deputado Luiz Castro e de todos que compõem a Rede de Combate a Exploração Sexual Infantil no Estado, o Judiciário terá que agir, mantendo os pedófilos presos e esperar que a Lei dos Crimes Hediondos seja realmente aplicado para os novos casos de pedofilia no Brasil porque para os atuais pedófilos, não os alcançará porque é princípio jurídico que diz que nenhuma lei nova virá para prejudicar o réu já em cumprimento de pena, a menos que seja para beneficiá-lo.


Nesse caso, o advogado Epitácio Almeida, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/AM precisará agir em defesa dos Direitos Humanos das vítimas vulneráveis e incapazes de todos os tipos, porque caso contrário, não se chegará a nenhum lugar. O disk 100 para denúncias da população contra a Pedofila precisa ficar mais visível a todos como é o serviço 0800; a única coisa que não pode continuar acontecendo é a omissão das autoridades, a inércia de quem deveria cuidar 
das crianças porque, como disseram as pessoas que participaram da audiência pública, ninguém consegue apagar da memória a dor de uma violência sexual.


Será que a responsabilidade social da Petrobras a isenta dos impactos sexuais que causa onde decide explorar? Porque antes de ser só um caso de impacto sexual a presença da Petrobras foi, antes de mais nada, um grande impacto cultural, social e moral para o Município de Coari. A província petrolífera do Urucu completa 25 anos em exploração, mas será que em termos sociais o Município de Coari ganhou alguma coisa? Sim, ganhou, aumento da prostituição, do consumo de drogas entre os jovens e do aumento da exploração sexual infantil, provada e comprovada contra o prefeito, que continua usando os poderosos tentáculos do dinheiro dos royalts do petróleo e terminará saindo da prisão por falta de julgamento porque Adail Pinheiro continua cumprindo prisão provisória e nenhum preso pode passar mais do o tempo que ele já passou sem um julgamento que o condene ou o absolva!




4 comentários:

  1. O NOSSO CORPO PODE SER PERTENÇA DE QUEM ABUSOS TECE

    Quanto medo.
    Não entendia o comportamento daqueles monstros que conviviam à minha volta. Eu era simplesmente uma criança mas, mesmo assim, aqueles seres me atormentavam.
    Fui perseguido, obrigado a fazer coisas que nem mesmo eu sabia o que era. Mas, dentro de mim, sentia que era algo errado e que não deveria ser feito. Mas aqueles monstros me obrigavam, me ameaçavam. E eu era obrigado a fazê-lo.
    Eu me sentia culpado. Tinha medo e vergonha, também. Mas me sentia obrigado.
    Dentro de mim um desalinho, pois sabia que algo errado estava acontecendo mas, ao mesmo tempo, tinha medo de contar e omitia pra mim mesmo aquela cena terrível.
    Não fui violentado graça a Deus, mas foram inúmeras as vezes que me deparei com pessoas ditas honestas e humanas, que olharam pra mim, uma simples criança e diziam, olhando para o seu membro genital: “eu deixo você pegar”.
    Não foi uma só pessoa; foram algumas pessoas em momentos diferentes da minha vida. Eu me sentia mal, me considerando culpado, um verdadeiro lixo.
    Nada aconteceu no meu corpo físico, mas na alma ficaram as marcas de uma experiência que nunca será esquecida.
    Fui utilizado como parte da fantasia sexual de indivíduos que se diziam humanos mas que, na verdade, não passavam de seres irracionais, monstros da pior espécie.
    Acreditava que tudo acontecera comigo, era porque tinha que acontecer; mas viver tal experiência é um estigma que fica registrado na alma.
    No decorrer da vida, encarei essa cruel realidade e sobrevivi e, hoje, busco defender pessoas que, como eu, foram traumatizadas por monstros que não respeitam ninguém.
    Diga não à pedofilia.
    Pois podemos ver ainda na atualidade a coisa acontecer em todos os lugares e de variadas formas, mas com um único ser; os mais especiais, puros e frágeis também: as nossas crianças que são usadas e humilhadas por monstros em forma de seres humanos.
    A cada esquina um olhar enigmático, mas louco!
    A cada passo um medo e, na garganta, um sufoco.
    A cada momento nada se pensa, sobre o que aconteceu, o nosso corpo pode ser pertença de quem abusos tece. Mas tudo silencia e nada nos descansa quando surge um novo dia e alguém se apropria da doçura da alma de uma criança.
    Por isso respeite as crianças. Seja humano e se coloque no lugar das mesmas, assim você verá, ou melhor, sentirá na pele o medo, o desalinho da alma. Lutemos contra a pedofilia! Dhiogo Caetano

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  2. 22/05/2014 12:51 - L Martins [não autenticado]
    Olá! Redes de combate à pedofilia não terão incentivos enquanto deputados (e isso está acontecendo) chegam a "defender" os pedófilos... E lembremos que a maior parte dos pedófilos é de homossexuais (pederastia). Parabéns pela crônica. Abraços.

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  3. 22/05/2014 11:56 - zemary
    Veja meu mestre que os exemplos citados são conhecidos. Então, eu fico pensando...na zona rural, nas mulheres que tem vergonha até mesmo de pronunciar determinados nomes por pudor. Quando sabemos algo sério acredito que muitos políticos riem e o poder judiciário esnoba demonstrando fragilidade nas leis. Antagônico demais. Causas assim deveriam ser denunciadas e publicadas abertamente.

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  4. Rafael de Queiroz Neto: Prezado Carlos Costa, confesso que estava até gostando da sua abordagem dessa questão tormentosa e até mesmo diabólica (combate à pedofilia), onde você bem pontua o inconformismo de boa parte da sociedade com a omissão na repressão desse delito considerado hoje hediondo, mas creio que, no final, você se deixou trair pela exploração indevida da mídia em torno da PETROBRAS, pois querer associar a exploração de petróleo na longínqua província de Urucu à questão da pedofília atribuída ao Prefeito de Coari é ir longe demais. Peço vênia para esclarecer que, não obstante reconheça que todo grande empreendimento econômico traga consequências sociais, a exploração de petróleo em Coari só é admitida mediante aprovação pelos órgãos ambientais competentes de Estudos de Impactos Ambientais prévia e rigoramente analisados, constando como medidas sociais mitigadoras desses projetos o compromisso da empresa de contratar mão de obra local, como fator de geração de renda e outros benefícios para a comunidade, afora a grande quantidade de tributos que são destinados à Prefeitura. À Petrobras não compete qualquer poder de polícia para investigar ou prender autoridades que fazem mal uso desse dinheiro.

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