terça-feira, 9 de dezembro de 2014

TRADIÇÃO, CULTURA E CRENÇA NÃO SÃO SINÔMIMOS!


(direito dos índios deve ser respeitado)


O infanticídio nas aldeias indígenas não fizeram de Caracaraí, em Roraima, o município campão de mortalidade infantil no Brasil, não porque não respeitaram na pesquisa, a tradição, cultura e crença dos índios. Eles precisam ser respeitados e receber uma melhor estrutura de saúde para as tribos. É apenas isso que os índios precisam, em fez de um projeto de Lei para reduzir os infanticídios nas aldeias, um ato de amor para os índios e não como os “homens brancos”, observam o problema. Se tivessem melhor estrutura de saúde, o infanticídio reduziria sensivelmente!

Aparentemente sinônimos e iguais, as palavras “tradição”,  “cultura” e “crença”, não se confundem e ganham conotações e contornos diferentes entre os índios. Cada tribo age e acredita em coisas que lhe passam seus antepassados, em forma de doutrinas, lendas e costumes durante um longo tempo. A cultura tem a ver com a maneira de cultivar as plantas e a crença é a ação de crer em uma verdade ou na possibilidade de alguma coisa. Na década de 80, ainda jornalista, estive em uma tribo indígena que tinha por tradição isolar a menina em época da primeira menarca, considerado um mal espírito para a tribo, um castigo divino, e o pai tinha que isolar e menina e chicoteá-la até que o mal espírito deixasse o corpo dela. No final, o pai tinha que retirar o resto do “mal espírito” de seu corpo, ou seja, ter relações sexuais com a filha e depois entregá-la ao vencedor da disputa que se travava no terreiro da tribo pela mão da moça enclausurada, totalmente limpa do mal espírito que não permitia boas colheitas, caças que não eram feitas e pesca que não ocorria.O marido vencedor da disputa, a desposaria. Ele teria uma quantidade de luas para não permitir que o mal espírito se apossasse do corpo da adolescente, porque viria sobre a tribo. Caso isso ocorresse, o marido seria banido da tribo e o segundo vencedor da disputa teria que desposá-la. Não entendi o que acontecia, mas respeitei, fazendo só as perguntas necessárias para avaliar  e escrever sobre àquela estranha e bizarra tradição. O tempo e a memória me fizeram esquecer o nome da tribo onde presenciei e fui testemunha desse ritual, mas sei que ficava em uma tribo indígena na fronteira entre o Peru e o Amazona.

E porquê estou escrevendo sobre esse tema? 

Porque cultura, tradição e crença precisam ser respeitados com relação aos índios e todos os outros povos. Não condeno e nem defendo infanticídio em nenhuma aldeia, mas aceito como parte da cultura dos povos da floresta porque o que lhes falta é uma melhor atenção à saúde e respeito.  No caso da sociologia, a tradição indígena significa um conjunto de estruturas sociais e religiosas das manifestações intelectuais e artísticas que caracterizam uma sociedade. No caso da política, os índios que cometem infanticídio são considerados bárbaros. eles devem ser entendidos como ato de amor. No contraste extremo do direito à vida, fico com a tradição e a cultura indígena e que se dane o que os políticos pensam, acham ou entendam de matar crianças recém nascidas por causa de alguma deficiência física. A Constituição assegura aos grupos indígenas o direito à prática do infanticídio, desde que nasçam com algum problema grave de saúde, que poderiam ser resolvidos com equipamentos como cadeira de rodas, principalmente. 

O município de Caracaraí, com 19 mil habitantes, não seria o município mais violento do Brasil, no Mapa da Violência do Ministério da Saúde, se respeitassem a cultura, a crença e a tradição dos índios. Segundo os dados, uma em um ano 42 pessoas foram assassinadas. Só que os 37 índios recém-nascidos o foram pelas próprias mães como ato de amor e não deveriam entrar nessa estatística. Em vez de a Câmara Federal aprovar projeto de Lei para acabar com o infanticídio nas aldeias, deveria elaborar um projeto para melhorar o atendimento médico para atender os 25 mil índios em 300 aldeias no município roraimense e no resto do Brasil. Cada aldeia de Caracaraí tem uma crença que leva a mãe a matar o bebê recém-nascido. O pesquisador Júlio Jacobo, da Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais, deveria ter proposto atendimento médico aos índios, dentro de sua pesquisa para realizar o Mapa da Violência. Pesquisador tem que realizar com estranhamento seu trabalho, analisando todas as variáveis e propondo soluções para o problema. Nunca dizer que Caracaraí é o município mais violento do Brasil, porque não espelha totalmente a verdade!

Em vez de o deputado federal Henrique Afonso, do PV do Acre, ter apresentado projeto de lei para erradicar o infanticídio no Brasil, interferindo na cultua, tradição e crença dos povos indígenas, deveria apresentar projeto de Lei para melhorar a saúde indígena nas aldeias, dando-lhe prioridade absoluta frente outras demandas sociais. Faria história e não precisaria acabar com o infanticídio através de lei, porque isso ocorreria naturalmente. Mas, os índios estão abandonados nas ideias, com sua cultura dilapidada, servindo de mão de obra barata por exploradores de ouro, madeira e outros produtos da floresta em suas aldeias. O que falta para os índios é mais saúde e menos politicagem! 

2 comentários:

  1. Carlos,meus Parabens!mesmo do fundo do meu corAçao,essa cronica.Emquanto nossa cultura ser nulo,zero,nao temos progresso,como esta escrito em nossa bandeira,Nossos,idiomas,costumes nunca foram respeitados,somos poligrotas,culturais,evoluidos na natureza,mas nunca fomos respeitados,no fundo a presao no nosso pais ainda,nao passou,quem é quem,somos somente uma cultura,que nunca teve direito de falar seu propio,idioma e aprender coisas que jamais,iriamos aprender na escola,pque nada foi documentado,Nos somos igual aquele filme,UM estranho no ninho

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  2. Tema muito bom e a explanação no pouco que foi apresentado tem relevo e concisão, obra científica que agrega.

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