Com a exaustão rápida de nossos recursos naturais e com a constatação do desenvolvimento desigual da economia, estamos caminhando rápido rumo ao feudalismo, modo de organização política baseado nas relações servo-contratuais (servis). Era um regime em que os senhores feudais se encastelavam e em que os vassalos, que nada possuíam, viviam em busca de alimentação, do que lhes tinham retirado.
Hoje, os senhores donos de dinheiro estão fazendo exatamente a mesma coisa: se encastelando em luxuosos prédios de apartamentos com cercas elétricas, cabines blindadas, lazer e outros instrumentos de defesa contra os “assaltantes” que, em alguns casos, buscam apenas resgatar o que perderam ao longo do processo desigual de nossa história econômica.
Esse regime teve sua origem com a decadência do Império Romano no século V d.C. e predominou na Europa durante a Idade Média, com as seguidas invasões dos chamados ”povos bárbaros” e das péssimas condições econômicas promovidas pelos imperadores. Os chamados “povos bárbaros” nada mais eram os que perderam suas propriedades, suas terras, suas dignidades em busca do que necessitavam; ou seja, o mesmo está acontecendo hoje com os excluídos sociais.
Lork Kames, do período do Iluminismo, afirmou que o feudalismo “é geralmente precedido pelo nomadismo e sucedido pelo capitalismo em certas regiões da Europa”. Diz ainda que os senhores feudais conseguriam as terras porque o rei lhes dava. Os camponeses cuidavam da agropecuária desses feudos e, em troca, recebiam o direito de uma gleba de terra para morar e a proteção contra os ataques dos bárbaros.
E quem são os senhores feudais e os vassalos de hoje? Os senhores feudais são os capitalistas e os vassalos são os necessitados sociais, os pobres, os sem terras, sem casas, os verdadeiramente sem terras!
A sociedade feudal da época era composta por três grupos sociais praticamente com status fixo. Os “estamentos” do passado são os grupos sociais de hoje. Clero, nobreza, servos da gleba e vassalos, eram os “os estamentos” do passado.
Hoje, o clero continua com seu ofício de rezar; a nobreza são os que dirigem a nação; os servos somos nós que votamos em todas as eleições e os vassalos são os que matam, roubam, atiram sem piedade tudo porque, na maioria dos casos, não têm escolas decentes, têm facilidade às drogas, tiveram pouca instrução, não têm merenda escolar e decidiram reivindicar seus direitos como eles sabem fazê-lo: indo buscar na fonte, como o Governo faz quando cobra seus impostos.
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