quinta-feira, 25 de abril de 2013

"O PROBLEMA DOS BURACOS É QUE ESTÃO TODOS DE BOCA PARA CIMA"




Não é o caminhoneiro, o motorista, muitas vezes estressado, quem coloca a carga dentro de seu caminhão ou carreta. Diante dessa verdade, não pode ser atribuída unicamente ao motorista o excesso de cargas, porque o Governo Federal, o Denit e outros órgãos responsáveis ou irresponsáveis pela fiscalização nas estradas sem balanças para medição de peso, com péssimos ou nenhum pavimentos das estradas vicinais precárias e cheias de lamas, têm responsabilidades diretas e indiretas no problema!

Não, ah, isso não! Todo excesso de cargas começa dentro das empresas e estas também precisam se conscientizar sobre o prejuízo que causam as suas frotas pela manutenção preventiva que têm que fazer. Reconheço que em alguns casos de acidentes estão presentes a negligência ou a imprudência, fruto de erros humanos  em ultrapassagens feitas em locais proibidos e mal sinalizados, mas querer atribuir aos profissionais do volante a culpa pelos buracos nas estradas também, já é demais!

Tenho certeza que o motorista Clodoaldo que foi preso pela polícia rodoviária federal com a carteira falsa, multado por furar um sinal vermelho e transportando quinhentos quilos a mais de pedras em seu caminhão, foi da empresa que o contratou para fazer o transporte, mas a culpa por ele estar usando uma CNH falsa e o avanço ao sinal vermelho, foi totalmente culpa dele. Mas, mesmo a CNH falsa poderia ter sido evitada pela empresa se ela exigisse na contratação de seu funcionário, que fosse pedido mais informações sobre o profissional ou se existisse alguma forma de se consultar a CNH do profissional via internet, o que não existe, lamentavelmente.

Se todas as rodovias possuíssem balanças para medir o peso das cargas na passagem do caminhão sem necessidade de pará-lo  e se existisse uma barreira mais à frente para pará-lo por estar transportando excesso de cargas, poderia ser a solução do problema. Mas isso depende de investimentos do governo, tecnologia e logística, o que o Brasil nunca tem. Todas as vezes que escuto falar nesse problema – e não é de agora, sempre alguém apresenta uma idéia que parece ser a melhor, mas nunca é colocada em prática.

Na verdade, o que falta para solucionar a maior parte dos problemas dos buracos não é apenas tapá-los; mas investir em tecnologias para que eles não voltem ou demorem um pouco mais de tempo para acontecer novamente, seria melhor.  Mas, hoje, não adianta o Ministério dos Transportes fazer remendo em rodovias se não adquire balanças para pesar o excesso de cargas dos caminhões, sem gerar longas filas em postos de pesagens. Com isso, talvez os caminhoneiros deixassem de serem os vilões responsáveis pelas buraqueiras e, quem sabe, passassem a serem vistos como seus protetores e o Governo teria que encontrar um novo bode expiatório! Contudo, só escuto promessas e soluções que nunca chegam a ser cumpridas de forma definitiva e duradoura.

Não é de hoje que escuto falar em buracos, matos, falta de placas de sinalização nas rodovias, além de outros problemas menores, que me fizeram recordar de um episódio engraçado envolvendo um ex-prefeito falecido de Manaus, João de Mendonça Furtado que, em plena reunião informal de seu secretariado que analisava as críticas da imprensa na época, reclamou: “O problema dos buracos é que todos estão de boca aberta para cima. Se estivessem emborcados, seriam chamados de lombadas”. Todos riram inclusive eu, que o assessorava na área de comunicação social, diante do seu acertado e irônico comentário, em uma época que nas ruas da capital do Amazonas foram catalogados mais de quatorze mil buracos em pesquisa realizada pela Prefeitura de Manaus. Os buracos, todos de boca para cima, como ironizou o prefeito, causavam transtornos aos motoristas que trafegavam pelas ruas de Manaus, na época ”tábuas de pirulitos”.

Eu trabalhava contratado pela CLT, na Assessoria de Comunicação do prefeito João de Mendonça Furtado, indicado pelo ex-vice-governador do Amazonas e ex-presidente do Banco do Estado do Amazonas, Manoel Henriques Ribeiro e fui demitido 30 dias depois pelo prefeito nomeado Amazonino Mendes, que criou a Secretaria Municipal de Comunicação Social e nomeou outro secretário. 

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