Democracia, que sempre entendi e aprendi ao longo de minha vida, é diametralmente o contrário do que alguns alunos da Universidade de São Paulo decidiram fazer em protesto à decisão da maioria de encerrar um movimento contra a presença da polícia militar dentro do campus universitário, após o assassinato de um colega. O pequeno grupo de alunos decidiu invadir a Reitoria da Universidade e proibir os seus funcionários de cumprir suas obrigações.
Cabe ressaltar que a Polícia Militar só entrou no Campus, depois que dois alunos foram presos fumando maconha. Aí começou a greve, as reivindicações de melhorias de iluminacão pública, principalmente, mas a permissão da maioria dos alunos em aceitar, em Assembléia, que a PM continuasse patrulhando dentro da Cidade Universitária da USP para lhes garantir maior segurança, não foi aceita por uma minoria isolada de alunos que tomou a decisão de invadir o prédio da Reitoria.
A razoabilidade nos ensina que democracia é a decisão da maioria contra a da minoria; mas parece que os alunos que decidiram invadir o prédio não sabem disso, ou não lhes foi ensinado ou, em última hipótese, faltaram esse dia de aula, porque democracia também é ensinada em sala de aula, não como matéria, mas com a prática de trabalhos em grupo, atividades e outros aprendizados. Tudo é resolvido democraticamente. Não há a vontade de poucos se impondo à decisão de muitos. Que tipo de jovens teremos em nosso futuro, se não respeitarem a decisão tomada democraticamente?
A Justiça já concedeu à Reitoria a ordem de despejo, mas o governador de São Paulo, Geraldo Alkimin, espera que os alunos deixem o prédio de forma pacífica e não transformem a ordem de despejo em uma cena que ninguém mais deseja assistí-la, porque os anos de chumbo acabaram desde o governo militar de Ernesto Geisel, período em que os alunos foram os mais reprimidos, proibidos de quase tudo, inclusive de reuniões democráticas, enfim.
A intolerância à democracia está também presente entre nossos jovens estudantes, infelizmente, porque as imagens feitas pela própria USP mostram pessoas usando roupas no rosto, quebrando câmeras, destruíndo portas, tudo para invadir um local que não lhes pertence, em repulsa à decisão democrática negociada entre a reitoria e os líderes estudantis legítimos.
Onde nosso processo democrático de direito está indo parar?
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