segunda-feira, 15 de julho de 2013

KOLYNOS, A PASTA QUE SE "ESPREMIA" ATÉ O FINAL!



O tubo ainda era de alumínio e não de plástico como é hoje! As garrafas eram todas de vidro também. Enfim, tudo era diferente do que é hoje, com tudo de plástico que é descartado em qualquer lugar e segue para os riachos, igarapés, rios e mares.

Não sei dizer quando a pasta dental Kolynos chegou ao
 “Varre- Vento”, comunidade do município de Itacoatiara, onde residi até os meus oito anos, depois de ter nascido em Manaus, no bairro do Morro da Liberdade, mas sei que toda vez que meu pai remava até o “Rancho Grande” para comprar ou fazer escambo com gêneros de primeira necessidade para a família, já sabia que teria início a brincadeira gostosa e necessária  de enrolar o tubo até o final o tubo e, quando não tivesse mais nada aparente, abri-lo ao meio  para “raspar” o resto da pasta dental que restava em suas dobra .

Como disse, era uma diversão necessária essa brincadeira porque nem sempre o pai tinha dinheiro para adquirir pasta de dente. Na falta, o sabão cutia resolvia. Se não houvesse escova dental por alguma razão ou motivo, se fazia a higiene bucal com água, sabão ou pasta dental e dedo, apenas. Mas sempre se fazia a higiene bucal.

Se tivesse dinheiro, comprava; se não tivesse, faria escambo com produtos da natureza como peixe seco, frutas, ovos, galinhas vivas ou qualquer outro tipo que tivesse levado. Mas na volta para casa trazia sempre os mantimentos necessários à família, como sabão, querosene para a lamparina, fósforos etc. No remo, contra a correnteza, meu pai retornava subindo o Rio Solimões. Chegava suado,  cansado e descia da pequena canoa, subindo o barranco do terreno íngreme para alcançar a casa de madeira coberta de palha e alumínio.

Historicamente,  a pasta dental chegou ao Brasil em 1917, mas não sei quando o produto Kolynos chegou ao “Varre-Vento”, comunidade que lembro com ternura e onde morei até retornar para Manaus, aos oito anos de idade. A fábrica era baseada na cidade de New Haven  o descobridor da fórmula, o dentista Jeal Jenkins, descobriu a fórmula e a fábrica começou a produzir a pasta dental desde 1908 na Kolynos Company, no Estado de Connectitut.

Historicamente também sei que e vi de perto que o tubo de pasta Kolynos era na cor verde e amarelo e vinha em tubos de alumínio, que se permitia ser enrolados até o seu final para melhor aproveitar o seu conteúdo. Depois, se abria o tudo ao meio e com a escova de dente se “raspava” o resto do tubo que sempre ficava.

O primeiro anúncio da Kolynos no Brasil foi publicado na Revista “Selecta” garantindo: “limpa os dentes e a escovinha também”. Mas isso também é história!

O importante é que meu pai chegava a casa depois de três horas de remo, com todo o mantimento à família arrumado na popa da canoa, embrulhado com jornais ou um pano e eu sabia que haveria diversão: enrolar o tubo de pasta de alumínio fino até o final para melhor “espremer” a pasta de dentro dele. Hoje, infelizmente, tudo é de plástico – pasta dental, refrigerante, produtos de higiene e limpeza etc., essas brincadeiras não podem ser mais realizadas!





2 comentários:

  1. Carlos tb tenho saudade desse tempo que tubo de pasta de creme dental era um tubo cheio de pasta. Hoje com os Sorrisos da vida, os tubos são cheios de ar. Mas nem tudo está perdido: no Peru, Argentina e Uruguai ainda se encontra nas plateleiras dos supermercados as originais pastas de dente Kolynos, sim, cheias de pasta e não de ar, aquelas amarelinhas originais. Advinhe se eu trouxe um monte quando estive no Peru. Infelizmente ninguém mais vê isso, essa vergonha de vender tudos de pasta de dente cheios de ar.

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  2. O gostoso de ler as suas crônicas, é a maneira, como você transforma, as coisas cotidianas, em uma história envolvente. Que eu fico totalmente envolvida, no seu texto, e só paro de ler, ao término da história. Por isso que eu digo e repito, que as letras e as palavras, elas vivem fervilhando em sua mente, amigo e Jornalista Carlos Costa.

    Um abraço,
    Arline Silva.

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