sábado, 27 de julho de 2013

O ABANDONO DE UM PATRIMÔNIO NACIONAL:OS TRANS!


Como ocorre à população brasileira, que está morrendo sufocada pelo “arrocho impostorial”, mais de 6 mil vagões e locomotivas de trens que antes foram o meio de transporte mais importante do Brasil, está morrendo vítima da “incompetência gerencial” e de inanição da Justiça, que deveriam zelar e cuidar desse patrimônio histórico tão importante para o país, tudo porque existe um litígio judicial e a lentidão é tamanha que provavelmente dará tempo para o tempo destruir o que ainda resta dos últimos suspiros das locomotivas, ajudados pela ação dos vândalos e à falta de fiscalização do que ainda resta dos vagões abandonados nas antigas estações de manobras dos trens. O que orgulhou a Nação no passado, agora apodrece e vira sucata para ser vendida como ferro velho.

Velhas estações de trem da antiga malha ferroviária federal, hoje  abandonadas, estão sendo destruídas pelo tempo e pela ação de vândalos. É um pedaço da história que desaparecerá e nada restará para mostrar por onde trafegavam as riquezas do Brasil Colonial porque agora os locais se parecem mais como depósitos fantasmas, onde habitam ratos mortos de fome igual ao Brasil, que está morto de fome de mais impostos extorquidos dos contribuintes. Nesse particular, embora a Lei que determina que o preço do imposto seja informado ao final da nota, já sancionada pela presidente Dilma Rousseff, na prática, ainda não entrou em vigor na maioria das capitais brasileiras.

No Estado de Rio Grande do Norte, uma velha estação de trem que mais parecia “fantasma”, no município de Nísia Floresta, ex-Papari, foi toda restaurada mantendo seu aspecto histórico original e passou a servir de restaurante. Quando lá estive pela segunda vez, em 2011, minha família parou para almoçar uma galinha à cabidela - que tanto gosto – e um prato típico regional, à base de carne de sol. Na primeira, em 1982, compareci como assessor de imprensa de duas entidades de Manaus, a um encontro de empresários do comércio no Centro de Convenções de Natal, construído para receber o evento e de lá enviar notícias para os jornais do Amazonas e também almocei carne de sol de Caicó, considerada uma das melhores de Natal!


Na Estação de Nísia Floresta, observei tudo em volta com muita curiosidade e procurei saber quem havia sido a pessoa que emprestara o nome àquele lugar restaurado e preservado.  Descobri que Nísia Floresta fora uma importante escritora e educadora que se tornou natalense, considerada pelos historiadores como a primeira jornalista feminina do Brasil. Nascida em Papari, no Rio Grande do Sul, em 1810, tornando-se conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta, mas tendo como nome de batismo Dionísia. Mas isso é história e eu quero escrever sobre vagões estações de trens abandonados. 

Enquanto me banqueteava, imaginava como deveria ter sido aquela estação de trem restaurada transportando pessoas que seguiam rumo à capital do Estado do Rio Grande do Norte, em busca de melhorias de vida! E, naquela oportunidade me questionei por que o foi feito na Estação Nísia Floresta, também não serviria de exemplo para outras estações igualmente abandonadas pelo resto do Brasil? Com as estações restauradas e preservadas para a história e aos visitantes, mesmo com trilhos enferrujados pela crueldade do tempo, o abandono e irresponsabilidade dos administradores que deveriam preservar um patrimônio histórico, seria excelente? Era para mim difícil visualizar a cena que imaginara, por não ver qualquer vontade política e interesse nesse sentido!


Naquelas férias, onde paramos para almoçar no retorno de um dos muitos passeios que a família realizara vindos do sítio de Jucélia, numa cidade da Paraíba, no carro da amiga da família, a Fiscal da Receita Federal, Francisca, a “France”, fiquei admirando o abandono em que deveria ter ficado a Estação de Nísia Floresta e deu para sentir como deveria ter sido agradável a vida na época dos trens transportando as riquezas do Brasil nas “Maria’s Fumaça’s” que, por onde passavam, deixavam o gostoso e sonoro apito e; das caldeiras,  muita fumaça pelo caminho, pelas madeiras que queimavam e produzir o vapor necessário a impulsioná-las. Senti repulsa só em pensar que hoje toda a riqueza nacional é transportada agora por estradas rodoviárias esburacadas, muitas iniciadas e nunca concluídas pela incompetência pública, fazendo sofrer caminhões e motoristas por falta de sinalização, acostamentos ou pela falta de postos de paradas para descanso. Não havia mais vagões onde paramos, mas não foi difícil imaginar e concluir que os antes excelentes vagões que rodavam puxados pelas pioneiras “Maria’s Fumaça’s”, ainda podem ser recuperados nem que seja para fazer-nos lembrar de uma época boa da história do Brasil, pelo menos. Mas, muitos se encontram hoje em completo e total estado de abandono e sem qualquer serventia. Uma pena!


Hugo Augusto Rodrigues, historiador, conta que a ação judicial foi movida pela Prefeitura de Itaperó, que tenta obrigar a concessionária a retirar os vagões. Embora condenada, a empresa  América Latina Logística recorreu e decidiu só retirar as sucatas com a finalização do processo na Vara Federal de Piracicaba. Deu pena, pena mesmo ao ver ex-maquinistas saudosista dizendo que o vagão da “Maria Fumaça” que transportou o Imperador D. Pedro II em suas viagens, também está se estragando, embora ainda possa ser restaurado porque a madeira resiste à destruição inevitável do do tempo, do descaso e do abandono.

A “Maria Fumaça” que transportou os sonhos do imperador de ver o Brasil se desenvolvendo pelos trilhos, já está toda enferrujada, cheia de desenhos horríveis de grafites em uma estação de uma cidade paulista. O que fora no passado sinônimo de luxo e desenvolvimento, agora é a certeza de lixo, abandono e descaso com o mais rico patrimônio da história do Brasil. Acordei para a dura realidade do abandono das ferrovias do Brasil e a certeza que só andarei de trem novamente se ainda for a tratamento de saúde e ficar hospedado na casa de minha irmã, Mara Costa, em Jundiaí, só para poder pegar o trem e descer de novo até a Estação da Luz e, depois, entrar no metrô paulista e seguir por baixo da terra à consulta médica no médico no Hospital São Joaquim, da Beneficência Portuguesa.

Mas graças a Deus, tenho fé que isso nunca mais será repetido novamente!





Um comentário:

  1. Tão importantes e necessários e...votados ao abandono,votando também ao abandono todos os seus utentes...Abraços de além-Mar

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