domingo, 24 de dezembro de 2017

A VIDA E O TEMPO! (AO "XERIFE", IN MEMORIAN)


"Às vezes a vida passa tão depressa que a alma não tem tempo de envelhecer". (Frase postada em meu grupo de Zap, por Rogoberto Felisiano)

Contudo, essa frase, me remeteu ao tempo em que éramos adolescentes quando frequentávamos o cine Guarany, de propriedade de Adriano Bernardinho. Lembrei de quando tentei enganar o Xerife e assistir a um filme impróprio para menores de 18 anos, usando um sapato plataforma preto e branco, coberto por uma calça boca de sino ou pantalona, modas na época, mas não consegui.

Naquela época, a vida parece que a vida passa tão devagar que o ano escolar demorava muito para acabar e a gente pensava nunca terminar. Talvez a alma e o corpo não envelhecem, também.  Queiramos envelhecer depressa só para ver o que outros assistiam nos filmes antes proibidos pela censura para menores de 18 anos. Naquela época, existiam filmes LIVRE, ATÉ 14 ANOS E SÓ PARA  19 ANOS. E todos respeitavam porque o Brasil estava na era do Governo Militar e todos tinham medo da censura imposta.


Quando tentei enganar o Xerife - por usar uma estrela no peito e um chapéu na cabeça -  e entrar no cinema Guarany.,  ele puxou levemente minha calça pantalona, viu meu sapato que usava de duas cores, e não me permitiu entrar para ver um filme de 14 anos, em 1974. Mandou que comprasse ou trocasse para assistir livre!

Uma vez que vi o Xerife barrar um casal de namorados. O rapaz tinha a cara de menino, não portava a sua Carteira de Identidade e não foi aceita a CNH mostrada. "Tenho 18 anos", disse o rapaz. "Quer me enganar?" "Vou em casa pegar minha identidade mostrar ao senhor". Dirigiu seu fusca e vou buscar sua Identidade. Trouxe, apresentou, provou e entrou para assistir ao filme de 18 anos que queria.

Reconheci a quem chamavam de Xerife, que morreu quase à míngua em um apartamento na Fundação Dr. Thomas! após a morte do empresário Adriano Bernardino, dono de quase todos os   cinemas que existiam em Manaus. Mas nunca tive coragem de perguntar-lhe seu verdadeiro nome. Minha timidez de meus 14 anos na época, impediu-me que lhe fizesse a pergunta. Fiquei com medo da resposta que poderia dar-me.

Mas presto minhas referências àquele que foi um dos porteiros mais conhecidos e temidos na época, talvez porque usasse uma estrela no peito e um chapéu na cabeça e talvez por isso fosse conhecido entre a garotada apenas por “Xerife” médico canadense que atuou também na Escola de Medicina Tropical de Liverpol, na Inglaterra, Harold Howard Shearme Wolferstan Thomas.  E como Xerife também morreu, soube bem depois de sua morte por uma colega Assistente Social que trabalhava na Fundação Dr. Thomas.

5 comentários:

  1. Parabéns e ótima homenagem ao Xerife

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  2. Tambem vivi essa epoca. Patabens por me faer recorsar da minha adokescencia.

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  3. Raimundo Rafael de Qieiroz Neto24 de dezembro de 2017 às 19:22

    Tambem vivi essa epoca. Patabens por me faer recorsar da minha adokescencia.

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  4. Caro poeta.

    Em Belém também tinha o Cine Guarani. No tempo dos seriados, íamos assistir um ou outro. O enteado da minha irmã mais velha era uma espécie de ajudante lá e nos levava.
    Bons tempos, dignos de sua crônica.

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  5. Olá Carlos,

    Muito boa esta sua nova crônica, na minha infância e inicio da juventude também já tive alguns problemas com estes tais "xerifes" dos cinemas ... kkkk

    Aproveito para desejar a voce e a sua família um FELIZ NATAL, com muita paz e carinho entre voces.

    Um grande e fraterno abraço a todos

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