Uma das causas ou a
principal causa de não ter acontecido a retomada do desenvolvimento e produção
da borracha no Amazonas pós II Guerra Mundial, depois da invasão japonesa aos
seringais na Malásia, controlados pelos ingleses, possa ser atribuído ao total
desconhecimento pelos engenheiros americanos do ritmo da Floresta Amazônica, tem
um mistério próprio a ser desvendado, com ciclos de sol torrencial e chuva abundante,
ao mesmo tempo. Com conhecimentos apenas
adquiridos em Universidade, os engenheiros e técnicos foram designados para
ensinar aos caboclos considerados analfabetos de como plantar e colher o látex
das árvores de seringueiras, não deu certo e o Amazonas passou a viver uma
promessa de pujança econômica caindo na decepção pelo abandono dos seringais e, mais ainda, da
própria capital, Manaus, com a partida dos capitalistas e financistas,
fechamento de bancos e empresas que “adquiriam” produtos necessários à entrada
dos desbravadores do látex por 30 dias seguidos ou mais, seguido da quase total
bancarrota da antes pujante e próspera promessa de um novo ciclo de desenvolvimento.
(O
CAMINHO NÃO PERCORRIDO – A TRAJETÓRIA DOS ASSISTENTES SOCIAIS MASCULINOS EM
MANAUS, Carlos Costa: 1985, Imprensa Oficial – Am, in carloscostajornalismo.blogspot.com).
O clima
da Região Amazônica é difícil, complexo e os americanos designados para
repassar conhecimentos teóricos universitários aos caboclos acostumados a entrar
na floresta, tomar chuvas torrenciais e em seguida se expor a um sol abafado e
quente, era desconhecido completamente pelos novos “desbravadores” estrangeiros,
levando a economia do Amazonas a uma nova frustração, mesmo com os elevados
investimentos americanos para desenvolver o “esforço de guerra” com a criação
do Banco da Amazônia e os vários Probor’s criados, para incentivar à produção
do látex. Após um rápido momento de euforia e o ingresso de milhares de
nordestinos transportados com incentivo do Governo Getúlio Vargas, que estava
neutro em um primeiro momento, mas posteriormente se aliou aos americanos e
depois decidiu entrar na guerra também contra a Alemanha, a cidade de Manaus
inchou, ganhou novos bairros e se transformou em um destino forçado para os “soldados
da borracha”. Nem mesmo os novos seringais criados para ajudar os
americanos “no esforço de guerra” se sustentaram e faliram, como a Fordilância, de Henri Ford, que chegou a
construir uma verdadeira cidade no meio da floresta em 1920, no município de
Belterra, no PA, com a mais moderna
estrutura da época, tendo hospital, postos de saúde, quadras de tênis, mansões
para os diretores da empresa, residências para os trabalhadores, cafeteria e farmácia
conforme relata o blog (http://rubensornelas.spaceblog.com.br/433825/Caso-Fordilandia) No mesmo blog há a
expressão textual: “As famílias da elite dirigente pareciam altamente
impressionados com a simplicidade, a humildade e a amabilidade do caboclo
amazonense”.
O livro A
ILUSÃO DO FAUSTO – Edinéia Mascarenha Dias só compreende o período de
1890 a 1920 e é único escrito que afirma que a verdadeira riqueza é aquela que
é distribuída com todos e não somente investidas em obras como ocorreu
no Amazonas. Mas foi isso que se viu e ainda continua se vendo em Manaus!
Naquele período, a cidade governada por Eduardo Ribeiro, sofreu seu primeiro
grande surto de urbanização graças à economia da borracha. Outros autores, como
Thiago de Melo (in Manaus, amor e memória – RJ, 1984), Raymundo Moraes (in Cartas da floresta Manaus – 1927) e Euclides
da Cunha (in A Margem da História – 1909), mesmo de forma não muito
objetiva, também abordaram o mesmo assunto em suas obras. Em 1927, Mário de
Andrade – então cacique do modernismo brasileiro – visitava a Amazônia em sua
famosa viagem de “Turista Aprendiz”, e, ao ser questionado sobre o que achou da
capital do Amazonas, respondeu sem titubear que de “virgem de luxo” a cidade
estava se transformando em “mulher
fecunda”, garante a professora Aldrin Moura de Figueiredo, da Universidade
Federal do Pará, na apresentação da obra de Ednéa Mascarenha Dias. A professora
paraense ainda acrescenta, na obra A ILUSÃO DO FAUSTO: “Mário
de Andrade viu com bons olhos esse duro aprendizado. Sem o dinheiro fácil da
exportação do látex, os governantes locais teriam que ser criativos para
produzir “uma nova florada de empreendimentos de alcance elevado”.
Com um misto de saudosismo
inconfesso e alegria conformada, Thiago de Mello guardou na memória que, com a
tal decadência da borracha, Manaus voltou a ser como antes: “pôde ser ela
mesma, a viver de si mesma”. A cidade havia, afinal, empenhada um valor muito
alto pelos benefícios da riqueza oriunda da exploração da goma, “ao
preço da miséria e da servidão de milhares de caboclos”. O fim dessa “virgem de luxo”, nas
palavras de Mário de Andrade, era o consolo de quem não viveu os tempos
eufóricos das “folies du látex”.
Para se viver o Amazonas,
no Amazonas e defender essa terra, a pessoa tem que conhecer sua história e não
vir para cá com planilhas prontas, tudo no papel, achando que só porque tem
conhecimentos acadêmicos pode se achar o dono de todo o saber, ensinando por que
os caboclos ribeirinhos do Estado que, podem até não ser cultos, mas têm experiência porque cultura não é
tudo!
Concordo com o amigo, quando em seu último parágrafo, fala da importância da experiência, do conhecimento prático de sua terra, de sua gente. Isso realmente é muito importante. seria muito bom se houvesse a integração da formação acadêmica e da prática, da vivência real. Mas?...
ResponderExcluirO caboclo certamente não possui a chamada "cultura erudita", que seria confundida com conceitos de civilização, bons costumes, educação; no entanto, possui a "cultura popular", porque essa, todo e qualquer grupo possui, já que é um modo de viver e seus costumes.
ResponderExcluirNo caso em questão, a experiência é, sem dúvida, fundamental.