quinta-feira, 19 de maio de 2016

QUANTIDADE NÃO É QUALIDADE EM POLÍTICA!



No mundo político, quantidade não significa qualidade de projetos. Necessariamente uma coisa não está imbricada à outra! A quantidade de não transforma e nem qualifica ninguém hoje em dia e muito menos eterniza um bom político. O político será eternizado por um conjunto de  outros fatores que em maior ou menor quantidade, lhe desenharão um perfil de comando,  o transformam uma liderança histórica. Hoje, uma  das faltas em política é a honestidade. Depois se conseguirá o resto pelas qualidades inerentes à função que exercerá em benefício exclusivo do povo e não de si próprio.

Dentro desse conjunto de qualificação política está à qualidade dos projetos apresentados, oratória, definição de um campo de atuação e, por fim, a capacidade de fazer discursos de improviso e ler discursos escritos por assessores. Durante campanhas proibidas em rádios e TV, convivi e conheci políticos que tinham boa oratória, empolgavam a plateia, que os assistiam nas Tribunas da Câmara e da Assembleia Legislativa. Ficavam lotadas e eram disputadas em cada espaço. Eles, quase não apresentavam projetos e, dos poucos que apresentavam e lutavam por eles, beneficiavam muitas pessoas pobres ao mesmo tempo. Outros apresentavam bons projetos, não tinham uma boa  oratória,  não sabiam falar em pública sem a ajuda de assessores e pouco tempo duravam na militância política!

Hoje, pouco importa ao eleitor consciente, a quantidade de projetos que um político apresenta, mas o que ele faz para beneficiar muitas pessoas com um só projeto. Durante parte de minha vida de jornalista, acompanhei  excelentes, medianos e péssimos políticos no Amazonas e no Brasil. Dentre esses, alguns se mantém no cenário político do Amazonas até hoje, como o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, dono de uma excelente oratória,  improviso. Como deputado federal e senador apresentou poucos, mas todos foram relevantes e beneficiaram em alguma área que definiram. Também acompanhei de políticos que se mantiveram com seguidas reeleições.  Tinham bons e inflamados discursos, empolgavam os eleitores, mas quase não apresentavam projetos de lei. À exceção foi o deputado estadual por 26 anos militando pelo MDB, de oposição Francisco Guedes de Queiroz, que conseguiu unir esses dois polos: a oratória e os projetos que beneficiavam a muitas pessoas. O vereador e depois senador da república Fábio Lucena de Pereira Bittencourt, renunciou em 1982 a um mandato de 8 anos e disputou um de quatro, mas cometeu suicídio antes de terminá-lo, se tornando um bi senador pelo Amazonas. Ele renunciou a 8 anos de mandato, só para participar com “legitimidade”, como dizia da Assembleia Nacional Constituinte. No lugar de Fabio Lucena, quando, assumiu o suplente, senador Leopoldo Peres Sobrinho. A primeira senadora do Brasil, Eunice Michilles, que fez carreira política no município de Maués, assumiu com a morte, João Bosco Ramos de Lima, em 1979.

Lamentavelmente, a qualidade dos antigos políticos do passado, que transformavam seus mandatos em uma oportunidade de prestar serviços ao povo, está desaparecendo e, na Câmara e no Senado da República vários são investigados por corrupção na Operação Lava Jato, inclusive o recém-eleito líder  do presidente Michel Temer, que responde a inquérito até por tentativa de homicídio, além de ser investigado na operação de corrupção na Petrobras. Ele nega tudo, até a tentativa de homicídio, embora tenha se tornado réu em alguns deles. A maioria foi contaminada pelo poder devastador do dinheiro da corrupção. E por que estou escrevendo sobre esse assunto, hoje? Porque a pastora e vereadora Luciana da Silva Monteiro (PP) da Câmara Municipal de Manaus vem se qualificando perante seu eleitorado por ter apresentado projetos  que se transformaram em Leis Municipais. A questão é saber a qualidade dos projetos por ela apresentados e aprovados. A pastora Luciana era suplente de Francisco do Nascimento Gomes, o Dr. Gomes, eleito deputado estadual na última eleição para a ALE/Am. Só ouvi falar sobre ela e o trabalho da vereadora e pastora, assistindo a uma propaganda  política em horário eleitoral gratuito. Só a apresentação de projetos não qualifica mais um político!

Manaus, com quase três milhões de habitantes, não possui até hoje um velório municipal, o que seria de grande relevância e importância social. O velório municipal em Manaus permitiria à família carente proporcionar   um enterro digno de seu familiar sem ter que se submeter aos caros preços cobrados por funerárias, que tiram plantões na porta de necrotérios e apresentam sempre a melhor proposta à família do defunto que, fragilizada, aceita a primeira oferta que lhe couber no orçamento, mesmo que seja pago em cartão de crédito, em parcelas.


Esse seria um dos projetos importantes para serem apresentados!



8 comentários:

  1. Verdade Carlos, infelizmente essa é a pura verdade. Também não conheço um só projeto relevante dessa senhora para o povo. Mas, tenha certeza que ela será reeleita. Infelizmente!
    E na mesma crista dessa onda irão os profissionais de vários mandatos...o povo contínua míope.

    ResponderExcluir
  2. Carlos Costa, boa tarde, somos uma nação onde o Presidente não manda, pois, quem dita as regras é um ESTADO MÍNIMO.

    ResponderExcluir
  3. Sr. Carlos Costa, excelente crônica.
    Só acrescentaria mais uma qualidade que um bom político deve ter: saber ouvir!

    ResponderExcluir
  4. João Batista Filho19 de maio de 2016 às 17:03

    Olá Carlos, Mais uma vez voce nos brinda com esta oportuna e sábia crônica, que reflete bem o quado que deparamos em nossas casas politicas , uma situação que precisamos revisar com maxima urgência para o bem deste nosso pobre pais . Mais do em qualquer lugar do mundo, na política brasileira a quantidade não quer dizer quelidade.

    ResponderExcluir
  5. Maria Luiz a Damasceno19 de maio de 2016 às 17:58

    Muito bom..obrigada! Vou repassar!

    ResponderExcluir
  6. Lucena renunciou em 1986 ao seu mandato de 1982, assumindo, seu suplente Leopoldo Peres

    ResponderExcluir
  7. Muito interessante essa crônica.

    ResponderExcluir