No mundo político,
quantidade não significa qualidade de projetos. Necessariamente uma coisa não
está imbricada à outra! A quantidade de não transforma e nem qualifica ninguém
hoje em dia e muito menos eterniza um bom político. O político será eternizado
por um conjunto de outros fatores que em
maior ou menor quantidade, lhe desenharão um perfil de comando, o transformam uma liderança histórica. Hoje,
uma das faltas em política é a honestidade. Depois se conseguirá o resto
pelas qualidades inerentes à função que exercerá em benefício exclusivo do povo
e não de si próprio.
Dentro desse conjunto
de qualificação política está à qualidade dos projetos apresentados, oratória,
definição de um campo de atuação e, por fim, a capacidade de fazer discursos de
improviso e ler discursos escritos por assessores. Durante campanhas proibidas
em rádios e TV, convivi e conheci políticos que tinham boa oratória, empolgavam
a plateia, que os assistiam nas Tribunas da Câmara e da Assembleia Legislativa.
Ficavam lotadas e eram disputadas em cada espaço. Eles, quase não apresentavam projetos
e, dos poucos que apresentavam e lutavam por eles, beneficiavam muitas pessoas
pobres ao mesmo tempo. Outros apresentavam bons projetos, não tinham uma
boa oratória, não sabiam falar em pública sem a ajuda de assessores
e pouco tempo duravam na militância política!
Hoje, pouco importa ao
eleitor consciente, a quantidade de projetos que um político apresenta, mas o
que ele faz para beneficiar muitas pessoas com um só projeto. Durante parte de
minha vida de jornalista, acompanhei excelentes, medianos e péssimos políticos no
Amazonas e no Brasil. Dentre esses, alguns se mantém no cenário político do
Amazonas até hoje, como o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, dono de uma
excelente oratória, improviso. Como deputado
federal e senador apresentou poucos, mas todos foram relevantes e beneficiaram
em alguma área que definiram. Também acompanhei de políticos que se mantiveram
com seguidas reeleições. Tinham bons e
inflamados discursos, empolgavam os eleitores, mas quase não apresentavam
projetos de lei. À exceção foi o deputado estadual por 26 anos militando pelo MDB, de oposição Francisco Guedes de Queiroz, que conseguiu unir esses dois polos: a
oratória e os projetos que beneficiavam a muitas pessoas. O vereador e depois
senador da república Fábio Lucena de Pereira Bittencourt, renunciou em 1982 a um mandato de 8 anos e disputou um de quatro, mas cometeu suicídio
antes de terminá-lo, se tornando um bi senador pelo Amazonas. Ele renunciou a 8 anos
de mandato, só para participar com “legitimidade”, como dizia da
Assembleia Nacional Constituinte. No lugar de Fabio Lucena, quando,
assumiu o suplente, senador Leopoldo Peres Sobrinho. A primeira
senadora do Brasil, Eunice Michilles, que fez carreira política no município de Maués, assumiu com a morte, João Bosco Ramos de Lima, em 1979.
Lamentavelmente, a
qualidade dos antigos políticos do passado, que transformavam seus mandatos em
uma oportunidade de prestar serviços ao povo, está desaparecendo e, na Câmara e
no Senado da República vários são investigados por corrupção na Operação Lava
Jato, inclusive o recém-eleito líder do
presidente Michel Temer, que responde a inquérito até por tentativa de homicídio,
além de ser investigado na operação de corrupção na Petrobras. Ele nega tudo,
até a tentativa de homicídio, embora tenha se tornado réu em alguns deles. A
maioria foi contaminada pelo poder devastador do dinheiro da corrupção. E por
que estou escrevendo sobre esse assunto, hoje? Porque a pastora e vereadora Luciana
da Silva Monteiro (PP) da Câmara Municipal de Manaus vem se qualificando
perante seu eleitorado por ter apresentado projetos que se transformaram em Leis Municipais. A
questão é saber a qualidade dos projetos por ela apresentados e aprovados. A
pastora Luciana era suplente de Francisco do Nascimento Gomes, o Dr. Gomes,
eleito deputado estadual na última eleição para a ALE/Am. Só ouvi falar sobre
ela e o trabalho da vereadora e pastora, assistindo a uma propaganda política em horário eleitoral gratuito. Só a
apresentação de projetos não qualifica mais um político!
Manaus, com quase três
milhões de habitantes, não possui até hoje um velório municipal, o que seria de
grande relevância e importância social. O velório municipal em Manaus
permitiria à família carente proporcionar
um enterro digno de seu familiar
sem ter que se submeter aos caros preços cobrados por funerárias, que tiram
plantões na porta de necrotérios e apresentam sempre a melhor proposta à
família do defunto que, fragilizada, aceita a primeira oferta que lhe couber no
orçamento, mesmo que seja pago em cartão de crédito, em parcelas.
Esse seria um dos
projetos importantes para serem apresentados!
Verdade Carlos, infelizmente essa é a pura verdade. Também não conheço um só projeto relevante dessa senhora para o povo. Mas, tenha certeza que ela será reeleita. Infelizmente!
ResponderExcluirE na mesma crista dessa onda irão os profissionais de vários mandatos...o povo contínua míope.
Carlos Costa, boa tarde, somos uma nação onde o Presidente não manda, pois, quem dita as regras é um ESTADO MÍNIMO.
ResponderExcluirSr. Carlos Costa, excelente crônica.
ResponderExcluirSó acrescentaria mais uma qualidade que um bom político deve ter: saber ouvir!
Olá Carlos, Mais uma vez voce nos brinda com esta oportuna e sábia crônica, que reflete bem o quado que deparamos em nossas casas politicas , uma situação que precisamos revisar com maxima urgência para o bem deste nosso pobre pais . Mais do em qualquer lugar do mundo, na política brasileira a quantidade não quer dizer quelidade.
ResponderExcluirMuito bom..obrigada! Vou repassar!
ResponderExcluirMuito bom.
ResponderExcluirLucena renunciou em 1986 ao seu mandato de 1982, assumindo, seu suplente Leopoldo Peres
ResponderExcluirMuito interessante essa crônica.
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