quarta-feira, 25 de maio de 2016

UM PONTO PRETO NO AR...!



Observo um pronto preto bailando no ar!  

Seria apenas um sujo em meus óculos ou um pássaro em voo?  Limpo os 7,5 que trago no rosto como se fosse uma tatuagem ou identidade que sempre me pedem só para ter o prazer de ver como os anos me mudaram muito e fizeram desaparecer a vasta cabeleira que tinha e me deu de presente uma careca hereditária do meu pai. Os óculos não posso tirá-los  e  aumentou de mais 2 graus, mas confirmo que o ponto preto que vejo bailando no céu nublado de Manaus é apenas  um pássaro, voando ao sabor do  vento,  procurando encontrar  um local para  repouso, olhando desesperado para  as 11 torres de concreto e tijolo onde antes existia uma floresta primária. Hoje, esse cenário compõe o Condomínio Mundi, em Manaus, de três etapas e 740 apartamentos ligados por uma ponte de ferro construída pela Construtora J. Nasser. 

Os pássaros paravam, comiam frutas nas árvores e depois  voavam rumo à reserva florestal do INPA -Instituto Nacional de Proteção da Amazônia, a órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia do Governo Federal, a poucos metros de distância. Lá, todos se aninhavam, descansavam e dormiam de olho abertos durante à noite! Uso óculos desde 2006, porque tomei muito corticoide no hospital para recuperar a voz depois do coma de 10  e mais 45 sem qualquer memória presente, ou passada. O futuro estou reconstruindo com os pedaços contaminados de vida que DEUS me deixou para viver e os médicos a conservam.

O ponto preto é apenas um pássaro desesperado voando ainda livre no ar e procurando encontrar as árvores que antes aqui existiam. Entre o canto deles rasgando por cima das torres do Mundi, também  ouço latidos de cachorros, como se formassem uma orquestra desafinada vinda de diversas torres de apartamentos.. Não sei como os latidos insistentes não incomodam os seus ouvidos dos moradores?   Os cantos dos pássaros que ouço, interpreto-os como parte de um protesto mudo e surdo que ninguém os escuta,  principalmente  o “progresso” que anda rápido e  só reconhece o poder do dinheiro. Ele  não se preocupando em caminhar de mãos dadas com a preservação do meio ambiente. A jornalista Terezinha de Jesus Soares, primeira mulher a receber um prêmio Esso para o Jornal A NOTÍCIA, não entendia como uma cidade construída no meio de uma selva poderia ser também, uma das mais desarborizadas do Brasil?

A nudez e a estupidez em Manaus, ainda andam lado a lado com o progresso. Será que não poderia ser diferente, caminhando juntos, o progresso e à floresta? Manaus também não é a cidade  mais quente do Brasil! Pode ser a mais abafada e a mais úmida, levando a pessoa a transpirar muito.  Se alguém colocar uma folha de papel no para-brisa de um automóvel durante a noite, sobretudo na área do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, depois de meia hora pode retirá-lo aos pedaços, parecendo que ocorreu uma chuva forte.

Mas o que isso tem a ver com a crônica iniciada? Tudo e nada!


Tudo, porque a cidade está ficando cada vez mais nua, sem árvores, embora seja construída no centro de uma floresta, Manaus,  continua a ser uma das cidades mais carecas do Brasil e desmatamento continuam a todo vapor!


17 comentários:

  1. Fernando Gonçalves Simão25 de maio de 2016 às 15:42

    QUE ABSURDO,AMIGO CARLOS COSTA ESTAMOS AQUI NO RIO NA CAMPNHA PLANTE UMA ARVORE, O RIO PRECISA DE 2 MILHÕES DE ARVORES E AS AUTORIEDADES NOASE INTERESSAM POR ISTO,E SO OLIMPIADAS,UM GRANDE ABRAÇO,

    ResponderExcluir
  2. Zeina Nasser Aguiar25 de maio de 2016 às 15:55

    Muito importante.
    Parabéns

    ResponderExcluir
  3. Nossa muito interessante, eu posso guardar esse teu texto para Achei sensacional a sua sensibilidade sobre como era Manaus antes e o atual

    ResponderExcluir
  4. Nossa muito interessante, eu posso guardar esse teu texto para mim CarlosAchei sensacional a sua sensibilidade sobre como era Manaus antes
    Corrobo com você dizendo que esse modelro de desenvolvimento vem cada vez mais separando o ser humano da natureza

    ResponderExcluir
  5. Luiz Castro/Deputado Estadual25 de maio de 2016 às 16:37

    Palmas!!!!

    ResponderExcluir
  6. Mas tem que crescer carlos costa assim como o ser humano cresce a cidade tambem cresce agora se vc quer ver ainda essa fauna manaura tem muito interior por ai que tem essas coisas que vc postou mano e so viajar

    ResponderExcluir
  7. Alana Adriana Bam Bam25 de maio de 2016 às 17:10

    Isso e verdade carlos
    Muito boa!

    ResponderExcluir
  8. Belíssima crônica, Professor. Mas eu diria melhor: tal qual a perene falta de verde em nossa cidade, também há uma perene falta de amor nas pessoas.... aquele conversar nas calçadas, plantar uma goiabeira no quintal.... andar numa praça com árvores... hoje se anda em shopping com luzes artificiais... conversa-se com o vizinho que está na casa ao lado pelo whatsapp... não se tem mais quintais.... não sei se estamos caminhando para um mundo novo, mas aquele nosso mundo antigo está morrendo.

    ResponderExcluir
  9. Crônica suave, leve e nos conduz com muita imaginação. Parabéns e palmas.

    ResponderExcluir
  10. Cara sem palavras!
    nota 1000
    vms respeitar

    ResponderExcluir
  11. Dhiogo José Caetano25 de maio de 2016 às 19:48

    Você nos ajuda a transvê o mundo!

    ResponderExcluir
  12. Sarah De A Linch/ Escritora26 de maio de 2016 às 04:19

    muito bom e verdadeiro!

    ResponderExcluir
  13. Max Carphentier/escritor26 de maio de 2016 às 12:06

    Oi, Carlos. Também sinto falta de maior arborizaçao em Manaus. Abraço do Max.

    ResponderExcluir
  14. Dr. Augusto Fachín Terán Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação e Ensino de Ciências na Amazônia (PPGEEC). Mestrado em Educação em Ciências na Amazônia26 de maio de 2016 12:2126 de maio de 2016 às 12:25

    Prezado Carlos Costa, encontrei bonito sua cronica. A grande maioria de pessoas sabe do problema. A questão é o que fazer para que ocorra uma mudança de atitude nas pessoas.

    ResponderExcluir
  15. Lamentavel ver como progredimos para um regresso sem fim

    ResponderExcluir
  16. Sarah De A Linch/ aEscritora27 de maio de 2016 às 03:29

    Mais uma crônica de meu amado amigo Carlos Costa, jornalista de Manaus, assistente social, e um monte de outras coisas. Principalmente sobrevivente (ente, ente):

    ResponderExcluir