sábado, 3 de março de 2012

"O MEU OUTDOOR COM O AVIÃO DA CRUZEIRO DO SUL"



Alegremente, seguia eu e membros de minha família – geralmente com meu pai, rumo ao Aeroporto Internacional Ajuricaba, - nome supostamente dado em homenagem a um índio guerreiro que teria sido aprisionado e acorrentado pelos portugueses na época da colonização  do Amazonas a partir de 1945, e que  supostamente se jogara da canoa que o transportava,  e morrido afogado  no famoso “Encontro das Águas”, dos rios Negro e Solimões, hoje   cartão postal de Manas e patrimônio natural da humanidade -. Mas isso fica para a história definir.

O importante mesmo é dizer que todas as vezes que eu e membros de minha família nos dirigíamos ao Aeroporto Internacional para sentir o prazer de ver as poucas e raras aeronaves pousando, geralmente da empresa Cruzeiro do Sul ou Varig, eu ficava encantado observando um outdoor na saída da esquina das Ruas Branco e Silva com Leopoldo Peres, que levava até ao Aeroporto, até finais da década de 70.

Mesmo quando passeava em ônibus de madeira, fabricados na própria garagem da empresa Ana Cássia, feito em cima de chassi de caminhões, sempre dava um jeito de olhar para o “meu outdoor” porque normalmente escolhia a linha do ônibus que dobraria na Rua Branco e Silva e, com isso, tinha certeza que veria mais uma vez o “meu outdoor”  predileto, como passei a considerá-lo, tal era nossa relação de cumplicidade. Ele, ali parado; e eu também parado, feito um bobo, a observá-lo para depois, no Aeroporto,  conferir com um avião de verdade. E não é que tudo que existia nos aviões que pousavam, se encontravam também no “meu outdoor”?

Mesmo quando passei a ser autônomo vendendo picolés, jornais, cascalho pelas ruas do Morro da Liberdade, sempre que podia seguia a pé pela Rua Branco e Silva só para perder algum tempo precioso para só ver mais uma vez aquela maravilha! Como um avião grande, coube todo aí? – me questionava muitas vezes, espantado e maravilhado com aquela placa imensa que era vista também por toda e qualquer pessoa que se dirigisse ao Aeroporto Ajuricaba, ou de “Ponta Pelada”, como também era chamado, bastava que olhassem para o lado direito da via! O porquê de “Ponta Pelada” não me pergunte; não saberei lhe responder, também! Só sei que era assim!

Anos depois, ao passar na esquina para olhar mais uma vez para o Depois que o progresso passou a freqüentar pela cidade de Manaus depois de 1969 com a implantação da Zona Franca, “meu outdoor”, com o meu avião da Cruzeiro do Sul não se encontrava mais no local deixou de fazer parte integrante da esquina das ruas.  O que teria acontecido com o avião da “Cruzeiro do Sul”? Ele teria decolado? Não sei lhe responder.

O certo é que no local passou a existir outra propaganda, no mesmo espaço de “meu avião”!

Depois que “levaram meu avião”, também perdi o interesse em virar meu rosto para procurar o “meu outdoor”, mesmo se fosse andando em ônibus ou em carros pretos Aerowillys,  “os carros de Aeroporto”  os mais luxuosos da época, todos pretos e grandes, com quatro portas, na companhia de meu amigo João Couto da Silva, que o pai de meu amigo de infância possuía e sempre me levava até ao local.

Perdi e meu encanto infantil e o interesse em olhar para “outdoors” de novo. Depois disso, os outdoors passaram a ser uma coisa supérflua! Por que levaram o “meu avião”?