quarta-feira, 28 de março de 2012

O SERVIÇO SOCIAL E AS IGREJAS EVANGÉLICAS


Muito embora, historicamente, a gênese profissional tenha se originado como resultado do conflito capital X trabalho durante a Revolução Industrial, na Inglaterra, (O CAMINHO NÃO PERCORRIDO – a trajetória dos assistentes sociais masculinos em Manaus, in Carlos Costa, 1985) a profissão de Serviço Social, iniciada com as “damas da caridade” dentro da Igreja Católica, além de não poder mais ser  considerada uma atividade vinculada  às mulheres, também não pertence mais à uma só religião; embora ainda existe a predominância da Igreja Católica em suas atividades.  Mas também está dividindo seu espaço com as Igrejas Evangélicas.

Esse fato, objeto de pesquisa, como parte da disciplina Metodologia do Serviço Social, na disciplina Pesquisa em Serviço Social que ministrara na Faculdade, fora confirmado por 53,7% dos meus alunos que se declararam professar outras religiões que não a católica. Porém, essa mensuração no resultado da tabulação dos dados coletados em sala de aula, não deixou de me causar surpresa porque, na realidade, só pretendia demonstrar como se fazia e se delimitava uma pesquisa de campo e  usei a própria sala de aula para comprová-lo na prática!

Contudo, na pesquisa, como a questão fora formulada de forma fechada e de marcar, perguntando apenas: “qual religião que você professa? A) Católica (  ) B) Outras(  ), fiquei sem identificar quais as outras igrejas ou religiões que os alunos frequentavam; também porque a pesquisa não possuía outro propósito, a não exemplificar como se poderia delimitar um trabalho de pesquisa científica.

Esses dados foram todos confirmados, agora, pela Prefeitura de Manaus anunciando que recebera através de seu Instituto Municipal de Ordem Social e Planejamento Urbano, só nos primeiros meses do ano de 2012, pouco mais da metade de pedidos de autorização para a construção de novas igrejas, do que fora solicitado em 2011, com 15 pedidos dos meses de janeiro, fevereiro e março, contra apenas 14 no mesmo período do ano passado. Informa, ainda, que a área da cidade mais procurada por novas instituições é a zona norte.

Como pesquisador de fenômenos sociais aposentado precocemente, esses dados não me surpreenderam, porque já os tinha detectado em sala de aula, em 1986. Detectei, ainda, que 28% dos alunos de Faculdades particulares provêm do Ensino de Jovens e Adultos; que outros tantos são originários de supletivos e outros que escolheram à carreira por se considerarem “bons de espírito” e com o propósito de ajudar aos necessitados. A estes, aconselhava-os a estudarem muito porque a profissão exige além de serem “bons de espírito”, desprendimento e é quase uma entrega total às atividades técnicas da profissão.

Hoje, segundo dados da Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas, no Estado existem 870 mil evangélicos, dos quais 630 mil só na capital.

De acordo com a doutora em geopolítica Carolina Silva, que pesquisa a expansão e o nível de influência das organizações religiosas em áreas carentes da zona norte, sua avaliação é de que em algumas comunidades, a Igreja é a única opção de convívio social, e cumpre também o papel de escola, recreação, assistência social porque até a década de 1970, segundo a doutora Carolina, a Igreja Católica se fazia presente na periferia. Hoje, esse papel é exercido pelas Igrejas Evangélicas!