- Quem disse que boneca não anda. Anda sim!
Era um feirante da “Feira da Banana”, construída às margens do caudaloso Rio Negro, que parece mais um rio-mar, um oceano menos um rio, pois tem mais de 3,5 Km de extensão um lado a outro. O feirante em questão estava falando a um outro feirante ao seu lado, enquanto uma moça muito bonita passava por entre um vão e outro da venda aos cachos de bananas.
O outro a quem o primeiro se dirigira, quase quebra o pescoço a olhar para a linda moça que passara entre os dois e que já seguia um pouco distante, acompanhada de uma senhora também muito bonita, provavelmente sua mãe. E assim estava eu vendo mais uma “cena da feira da banana” , onde já presenciei e registrei outras coisas curiosas também.
Lembrei-me, então, da época em que visitei o Rio de Janeiro. Nas praias de São Conrado, próximo onde ficamos hospedados em um apartamento no Edifício Pedra Bonita, encontrei coisas curiosas também. Vendedores que eram doutores em marketing de vendas, pois de tudo inventavam para que as pessoas adquirissem seus produtos.
Um deles, vendedor de picolé, que lá eles denominam como sorveteiro, fazia mais ou menos assim: “psiu, psiu, sorveteiro!”. E assim chamava a atenção da garotada, inclusive de meu filho na época com seis anos de idade. O vendedor ficava rodeado de crianças na idade de meu filho! Mal ele fazia “psiu”, todos já sabiam que era o vendedor de picolés!
Outro vendedor quebrou o silêncio com um grito estridente rasgando a quietude e a monotonia da água do mar batendo na arrebentação e assustou minha esposa que tranquilamente descansava na areia da praia em frente à saída da Rocinha, na Praia de São Conrado. “Impressionante, impressionante, senhores!!! Eu não paro de vender!!!”. Ele ainda não tinha vendido nada, mas não deixava de ser uma estratégica de marketing inteligente para chamar a atenção dos incautos banhistas. Minha esposa e eu nos assustamos pensando que tinha ocorrido alguma coisa grave.
O vendedor repetiu de novo: “impressionante senhores, eu não paro de vender”, embora ele continuasse sem vender algum picolé. Devido ao grito e a forma inusitada de fazer propaganda na praia, decidimos comprar picolés dele, um para mim, outro para meu filho e um terceiro para minha esposa. E ele continuou repetindo a mesma técnica de marketing.
Fiquei pensando na época em que eu fazia das minhas também, quando vendia jornais nas ruas da cidade. “Incêndio na caixa d’água´; “moça bonita não paga, mas também não leva” e outras bobagens que inventava sobretudo quando havia sobra de jornais e teria que devolvê-lo ao X-9, a pessoa que me fornecia os jornais para a venda.
Criei muitos bordões desse tipo, mas jamais chegarei aos pés dos vendedores de praia do Rio de Janeiro e muito menos à criatividade inventiva dos vendedores da “feira da banana”. Ah, isso não!
Que bom seria se todos os vendedores tivessem a criatividade dos vendedores que encontrei nas praias de São Conrado!
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