Cristal, uma frágil e delicada criança de São Paulo, de apenas um ano e oito meses, não existe mais. Deixou de existir; mas não se quebrou. Virou um anjo e foi recebido com festas no céu porque uma criança com esse nome e tão linda, não poderia ter um outro destino.
Definitivamente está certa a música que diz “o amor tem feito coisas/ que até Deus duvida/ já curou desenganado/ já curou tanta ferida”. Só que o amor pela Cristal não foi suficiente para curar uma menina desenganada que depois de ter sido tirada de um uma lagoa, ainda sobreviveu 27 horas e morreu.
Cristal é uma preciosidade feita de vidro. Depois que quebra, não se conserta mais. Não adianta, Cristal foi quebrada e não adianta colá-la porque nada será capaz de fazer outra Cristal, quebrada pela atitude de um motorista bêbado e há oito anos sem portar qualquer tipo de habilitação.
O Cristal começou a existir desde que Daniel Swarovski, de origem Austríaca, no século XIX, fascinado desde sua infância por esse minério natural produzido pela natureza desenvolveu uma máquina para cortá-lo de forma mais precisa e rápida, diferente de tudo que existia naquela época. Isso revolucionou o trabalho com cristais. É dele a origem do nome Cristal Swarovski.
Mais a Cristal a que me refiro agora não é o que foi originado no século XIX, mas, sim, a que foi gerada de um pai e uma mãe, que só tinha um ano e oito meses de vida, embora o cristal seja o elemento mais duro produzido pela natureza. Mas não resistiu a um motorista bêbado, sem carteira há 8 anos, conforme seu depoimento, foi enquadrado em “crime sem intenção de matar” e liberado pela Polícia.
Será que vamos precisar assistir motoristas bêbados e com habilitação suspensas assassinarem “cristais” para que a polícia passe a enquadrá-los como criminosos intencionais e não ocasionais?
Ou quantos outros precisam ser atropelados propositalmente por motorista que se aborrecem porque uma rua está interditada para que os ciclistas trafegassem com mais tranquilidade? Era só uma manifestação pacífica! E com certeza, como no caso de Cristal, o motorista será ouvido e liberado porque ele “não teve a intenção de matar!”. Um absurdo! Como um motorista entra em uma rua interditada, com bloqueio, acelerando o seu carro e passando por cima de ciclistas? Isso ocorreu em Porto Alegre e o carro foi encontrado com o vidro dianteiro quebrado e mais de 20 ciclistas ficaram pelo chão.
Com certeza, quando ele for ouvido, vai ser liberado, porque “não teve a intenção de matar”. Ou dessa vez vai ser ao contrário? Vai ser, sim, com a “intenção de matar” porque ele usara o carro como se fosse uma arma? Talvez, talvez
Quando é que vamos ver motorista, que faz de seu carro uma arma, mesmo que não seja um revólver, ter a intenção de matar? Se motorista que não tem habilitação ou está suspenso o seu direito de dirigir, bêbado, não teve a intenção de matar a Cristal, uma criança frágil, embora não fosse igual a um cristal produzido pela natureza, produziu tudo isso. É o fim da picada!
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