Duas denúncias, duas realidades, dois graves problemas, uma só causa e um prejuízo de 13 milhões por ano aos cofres já minguados da Previdência Social. Desconfio que a Previdência é uma mãe e, como toda boa mãe, sempre acolhe os fraudadores e os metem ao se lado, com muita facilidade.
A Previdência é uma “mãe” quando acolhe documentos falsos. É uma “madrasta” quando impede que trabalhadores que não fraudam nada sejam impedidos de continuar com seus benefícios legais pela “alta programada”.
Age como uma “madrasta” quando, despudoradamente, nega benefícios aos portadores de moléstias graves aos beneficiários da Previdência Social, tudo em razão da implantação de uma “alta programada”, ou seja, as pessoas estão doentes, os médicos dizem que estão incapacitadas para o trabalho, mas mesmo assim, a Previdência lhes nega na “cara dura” os direitos que lhes são devidos.
Eu sou um grande exemplo disso: com oito cirurgias seguidas no cérebro, todas de elevadíssimos riscos, mas que levaram quase cinco anos para ter reconhecido o meu direito a uma aposentadoria por invalidez permanente. Mas mesmo assim ainda me descontam Imposto de Renda. Além de sofrer convulsões frequentes, de estar proibido de dirigir meu carro pelos médicos, de realizar permanentemente tomografias e mais tomografias e apresentar atestados e mais atestados confirmando minha incapacidade ao trabalho, sempre tinha minha licença prorrogada, mas não estava ainda aposentado. Pasmem! Será que a Previdência recebe tantos documentos falsos que hoje recusa até os verdadeiros? Pode ser!
A primeira denúncia foi feita no programa “Domingo Espetacular”, da Rede Record. A segunda denúncia, em sentido contrário, foi feita pelo programa “Fantástico”, da Rede Globo – que de “fantástico” só mantém o nome! As duas, em sentidos opostos, são muito graves. Ambas nos fazem refletir.
Na primeira denúncia, do excelente repórter Marcelo Rezende, que saiu da Rede Globo e foi prestar seus excelentes serviços à TV Record, foi mostrando as facilidades para se conseguir qualquer coisa no centro de São Paulo, na Rua 13 de Março, o que causa um rombo de 13 milhões de reais aos cofres da Previdência. Marcelo Rezende mostrou e provou a incompetência total da Polícia Paulista no combate aos falsificadores, que continuam sendo os mesmos de sempre. Vendem de tudo: Carteiras de Identidades, Atestados Médicos, Certidões de Óbito. E o pior é que as chamadas “Carteiras de Identidade” com erros gramaticais grosseiros, nomes de pessoas inventados – até filhos de Ministros de Estado atuais – são aceitos sem qualquer problema. E em todos os lugares, principalmente no comércio, que também tem prejuízos. Para esses “documentos falsos”, travestidos de verdadeiros, ela age como uma “mãe” e aceita quase tudo.
Na outra ponta, também no domingo, o programa “Fantástico” – que de fantástico não tem mais quase nada! (bons tempos aqueles em que Hélio Costa fazia reportagens especiais) mostrou pacientes com problemas cardíacos, com problemas de locomoção etc., tendo seus benefícios negados por causa de uma “alta programada” implantada pelo INSS e referendada pelo seu presidente atual, como a melhor coisa já feita e implantada, pois caiu de 16 milhões para 13 milhões o número.
A Justiça da Bahia deu causa favorável a um paciente. O INSS recorreu e agora a ação contra essa “alta programada” vai ser julgada por outro tribunal em Brasília e, caso confirmada a decisão baiana, o INSS terá que fazer valer para todo o Brasil e suspender de vez a “alta programada”. Nesse caso, a Previdência age como uma “madrasta” daquelas que dão medo! Cruz, credo, Satanás!
As duas denúncias são sérias e graves: uma, que causa prejuízos à Previdência; outra, que retira de quem precisa os benefícios e os remete para fraudadores acostumados a fazer isso.
Imaginem que até Certidões de Nascimento são negociadas no meio da rua! Até o atestado de óbito de Marcelo Rezende foi providenciado também no meio da rua! E vejam o que aconteceu depois: todos os falsificadores admitiram já terem sido presos pelo mesmo crime que continuam realizando. Só a polícia paulista que merece não saber disso! É o suficiente dar um nome qualquer, com uma filiação qualquer e a pessoa em questão de três dias “prepara” o documento falso. Com isso, ele pode abrir conta em Banco, comprar em Lojas, enfim, pode fazer tudo o que dá direito a esses “documentos” fraudados! É uma vergonha!
O Delegado de Defraudações, talvez porque estivesse diante das câmeras da Record, recebeu todas as fraudes realizadas e prometeu tomar providências imediatas.
Só tenho uma palavra a dizer depois de tudo que vi e ouvi: o INSS é o único culpado e é revoltante o fato de ele não possuir em seus quadros pessoas que sejam capazes de descobrir uma fraude! Mas para negar benefícios, têm um monte de peritos, mas não tem um que seja capaz de analisar um simples raio X ou uma tomografia!
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