quinta-feira, 28 de julho de 2011

EVANDRO CARREIRA, UM SENADOR ALÉM DE SEU TEMPO!



Senador eleito pelo Amazonas na quadragésima quinta legislatura do Congresso Nacional, no período de 1975 a 1983, Evandro das Neves Carreira, professor e advogado, vereador eleito no período de 1959 a 1963, eleito o melhor orador do Brasil, recebeu uma justa e merecida homenagem na Câmara Municipal de Manaus. Dentre as tantas homenagens prestadas a pessoas sem importância, a prestada ao ex-senador Arthur Virgílio Neto, pela mesma Casa Legislativa também merece destaque, este filho do também senador pelo Amazonas, Arthur Virgílio Filho, também outro grande senador pelo Amazonas.

Arthur Virgílio Neto chorou ao receber a “Medalha de Ouro” Cidade de Manaus e disse que estará mais fortalecido em sua candidatura à Prefeitura de Manaus, depois da derrota que “sofreu”  em sua tentativa de reeleição para o Senado. Ele perdeu; mas não morreu!

Já Evandro Carreira, nascido em 24 de agosto de 1927, filho de Tocandira Balbi Carreira e Ignácia das Neves Carreira, autor de vários livros publicados a partir de 1977, durante o seu mandato de Senador, compondo a coleção “Recado Amazônico”, formado por discursos em que defendia fervorosamente a sua terra natal e pedia o aproveitamento das várzeas para o plantio de culturas de período curto, foi chamado de visionário por alguns e, quando defendia a implantação da piscicultura em tanques-redes, lagos, igarapés e barragens foi menosprezado até em sua terra Natal pelo fervor e “amazonicidade” com que fazia essa defesa!

- Fazer piscicultura no Amazonas, com tanto peixe, para quê? –  se perguntavam alguns donos de jornais e alguns jornalistas, inclusive eu também.
Ele provou que estava certo. Hoje, grande parte da produção de tambaquis, pirarucus e outros peixes, na época do defeso, vêm exatamente dos tanques-redes, lagos, igarapés e barragens que Evandro Carreira defendia no passado! O senador era apenas uma pessoa que estava além de seu tempo, por isso não era compreendido na época.

Visionário e futurista,  dentre suas várias publicações temos uma em particular que ainda hoje merece reflexão: “Contra a venda da Floresta Amazônica (Brasília. Senado Federal. Centro Gráfico, 1978. 36 p.). A floresta amazônica continua sofrendo riscos de todas as ordens, quer por ONGs estrangeiras que se apresentam para “obras missionárias em terras indígenas”, quer por multinacionais que adquirem grandes extensões de terras na Amazônia!

Em especial, destaco a obra “Amazônia: uma usina de alimentos para o terceiro milênio” (Senado Federal, Centro Gráfico, 1985. 64 p.),  traduzida para o inglês com o título “Amazônia: food source for the third milenium”. Com essa obra de Evandro Carreira deu origem a várias outras publicações o que mudou completamente a história da produção da piscicultura  no Amazonas.

Foi uma das homenagens mais justas prestadas pela Câmara Municipal de Manaus a este amazônida e amazonense que ficou conhecido pelo seu jargão ”a maldição da rodela”, quando tecia  pesadas críticas ao então governador Gilberto Mestrinho. 

O Senador era tão futurista que durante seu mandato de publicou o seu “Recado Amazônico” até o volume V, em 1975. Também publicou sobre “Planejamento Familiar” e, ainda, sobre “A Revolução, a Droga e a Subversão (Brasília. Senado Federal, Centro Gráfico, 1978, 64 p.) “O terrorismo é filho da sociedade antropofágica” (Senado Federal, Centro Gráfico, 1978, 15 p.) e “Tóxico e a Morte de Deus” (Brasília: Senado Federal: 1977. 77 p.).
 
Como se vê, Evandro passeava por diversos temas com a mesma maestria, mas sem perder o seu foco em destemido fervor da defesa do aproveitamento das várzeas amazônicas e no desenvolvimento da piscicultura no Amazonas. Graças a ele e aos produtores, comemos peixe o ano todo, inclusive na época do defeso.

É uma pena que depois de seu primeiro e único mandato de senador, Evandro Carreira tenha tentado várias vezes voltar à cargos eletivos, mas nunca conseguiu. Eu, que algumas vezes cheguei a criticá-lo através “Território Livre”, um democrático espaço jornalístico no extinto jornal A NOTÍCIA, reconheço que fui injusto: Evandro Carreira era só um homem além de seu tempo e eu não percebia isso!

Um comentário:

  1. AMAZÔNIA

    Imenso laboratório
    Onde o informe e o disforme
    Se convulsionam num turbilhão em líquido.
    Afloram vivos,
    Em ânsia de síntese,
    Em angústia de análise.
    O ciclo se fecha
    E garante a viagem pelo Sidéreo.
    Romper o ciclo é o finito,
    Mantê-lo é cavalgar estrelas
    Na certeza do encontro com o Absoluto.

    Evandro Carreira

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