Decidi comprar meu aparelho de som. Não era propriamente um aparelho, mas algo em que eu colocasse os LPs de Angela Maria, Aguinaldo Timótio, Cauby Peixoto, Márcio Greik, Giliard e vários outros cantores de sucesso na época.
- Eu sei onde está sendo vendido um, usado, mas muito bom, me disse o amigo Valdir Corrêa.
Levou-me ao outro lado da rua. Entrei, olhei o aparelho com uma tampa superior de vidro cobrindo-o, um braço que fazia descer o LP e outras modernidades mais.
Decidi levá-lo, mas antes pedi ao vendedor para testá-lo. Testou, estava funcionando bem, entrei no carro do Valdir Corrêa, hoje um excepcional radialista de uma emissora em Manaus, e ele foi me deixar-me em casa. Não morava longe.
Estava muito feliz. Tinha-o comprado por um preço barato e o aparelho estava muito bom, mas sem qualquer garantia. Cheguei em casa, desci com o enorme aparelho embaixo do braço e decidi testá-lo em casa.
Coloquei um LP; funcionou. Coloquei dois LPs, novamente funcionou bem. Fui aumentado gratativamente e o aparelho funcionava bem em todas as situações.
Não lembro mais quantos LPs coloquei no aparelho. Mas foram muitos.
Sentei na cama em um quarto aos fundos de minha casa e fiquei a admirar minha aquisição.
- Alô! – Era meu amigo Valdir Corrêa telefonando-me para saber se o meu primeiro aparelho de som estava funcionando bem.
- Está sim, respondi e fiquei olhando as luzes azuis de seu painel que nunca tinha visto igual. Aliás, só via aparelho de som nas lojas, mas não podia adquirí-los pois na época não passava de um jornalista em início de carreira, com primeiro emprego ainda, querendo adquirir bens. Economizei meses e meses em uma Caderneta de Popuança para poder adquirir o primeiro aparelho de som.
Durante muito tempo, foi meu único aparelho! Era grande, preto, um pouco feio, mas era meu, só meu! Sentia-me feliz!
Depois de passados anos, outros mais modernos foram lançados e meu irmão que trabalhava como vendedor em uma loja de venda de eletros, a TV LAR, comprou um outro aparelho e passamos a dividí-lo juntos. Era totalmente difererente do “jurrássico” aparelho que havia adquirido antes. Era mais moderno, um tipo com mais tecnologias e findei esquecendo do meu primeiro aparelho de som, que hoje deve repousar em loja de revenda para colecionadores, esperando por um novo comprador, talvez!
Como dizia uma propaganda veiculada nos anos 80, também o “primeiro aparelho de som, a gente também nunca esquece!”
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