segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A POBREZA E A COPA DO MUNDO DE 2014!

  Os pobres, historicamente, sempre foram considerados “um estorvo social, um atraso” em qualquer cidade do Norte ao Sul do Brasil. Mais agora, quando todas as cidades sedes da Copa do Mundo precisam remover vendedores ambulantes das ruas sem destinar-lhes um local dígno e decente para que possam se sustentar, tudo visando o espetáculo da Copa de 2014! Isso ocorrerá só para que os turistas possam ver as cidades sedes como são limpas, sem camelôs, sem pedintes etc.

Em livro memorável, “A Ilusão do Fausto”,  da professora Edneia Mascarenha Dias, em pesquisa de 1820 a 1890, início da decadência da produção do látex e a entrada, na cidade, de seringueiros desvalidos pela sorte, a autora escreveu que a Entendência Municipal, na época, mandou retirá-los  da área central de Manaus e os remanejou para os bairros periféricos que estavam surgindo naquele momento. Também determinou por decreto que no centro da cidade só poderiam permanecer casas caiadas e cobertas de telhas, o que o pobre, naquela época, nem sonhava em poder fazê-lo, era “só para inglês ver”! O inglês a que autora se refereria era quem explorava o látex no Amazonas.

Com o fim do período áureo da borracha, muitos pedintes   passaram a perambular pelas ruas em Manaus mas também foram retirados daquela área.  Na realidade, o que se queria com essa medida era tirar o pó do tapete e colocá-lo embaixo dele, só para as visitas não o vissem.

No Rio de Janeiro, com o projeto de embelezamento da cidade, quando decidiram abrir ruas retas e cheias de árvores, imitando o período áureo da França da época, os pobres também foram retirados de suas casas e “convidados” a ocupar os morros cariocas, o que “deu no que deu”. E ainda veio o governador Leonel Brizola para dar título definitivo para todos!

Em outras cidades, o mesmo  também se passará  “só para turista ver”, durante a realização dos jogos da Copa do Mundo.

Mas só que muitos esquecem é que quando os ingleses dominavam o comércio de borracha no Amazonas e todo o dinheiro produzido no Estado era enviado para o Governo Central, em forma de impostos,  esse tipo de economia ajudou muito para cuidar do embelezamento das ruas do Rio de Janeiro, construção do Aterro do Flamengo, embelezamento da Calçada de Copacabana, construção de estradas de ferro em Minas Gerais, manutenção da política “Café com Leite” da época de Getúlio Vargas e muitas outras coisas mais!

Um editor chamado Ilton Max, do Rio Grande do Sul, andou publicando alguns artigos defendendo a independência dos gaúchos e criação de um país próprio, sob a alegação de que o Amazonas era apenas uma apêndice para o Brasil, ou seja, era como se não servisse para nada! Só que ele esqueceu que durante muitos anos, foi o Amazonas que, com sua produção de borracha e pagamento de impostos, sustentou o Brasil e chegou a pagar quase a metade de uma dívida externa que não foi contraída pelo Estado.

Devido a tudo isso e e outras barbaridades mais publicadas contra o Amazonas, além do  total desconhecimento da história do Estado  decidi escrever e depois publicar o livro O CAMINHO NÃO PERCORRIDO – A trajetória dos Assistentes Sociais Masculinos em Manaus, hoje em muitas Escolas de Serviço Social no Estado), com a orientação da professora Iraíldes Caldas Torres, hoje doutora em Serviço Social pela Fundação Universidade do Amazonas, no qual fiz um apanhado de todo o percurso histórico da produção e declínio da borracha no Amazonas. mostrando todos esses fatos e contando a história do Serviço Social no Amazonas, o terceiro curso mais antigo do Brasil, em uma visão masculina.

O livro está disponível na íntegra no blog http://carloscostajornalismo.blogspot.com/ para consultas, cópias e o que desejarem fazê-lo, mantendo o respeito à fonte. Entendo que a cultura não pode e nem deve ser pessoal, mas compartilhada com todas as pessoas que desejem se manter informadas sobre fatos recentes de nossa história.

E o pobre, como afirmei no início, continua sendo manipulado pelos políticos em época de eleições e agora, pela realização da Copa do Mundo,  com  “despejos” de caráter social para que os turistas vejam como as cidades estão lindas. A mesma coisa estão querendo fazer com os camelôs de todas as cidades sedes da Copa de 2014, mas esses pobres não terão dinheiro nem para assistir aos jogos da Copa do Mundo!

3 comentários:

  1. Achei esta Cronica,um primor.As classes mais desvalidas são sempre as mais exploradas.Daí as revoltas no Brasil e outros países,Portugal incluído.Mudar é preciso e mais não digo...Abraços de além-Mar.

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  2. CRONICA FANTÁSTICA , AMIGO !!!!

    MAGAL ROCHA.

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