sexta-feira, 9 de setembro de 2011

PELO QUÊ OS ALUNOS DO CHILE ESTÃO LUTANDO!



“Eduardo García-Huidobro, um dos responsáveis pelas mudanças implementadas nos anos 1990 (no sistema educacional) e membro do governo até o ano 2000, no Chile, é atualmente professor da Universidade Alberto Hurtado. Ele esteve no Brasil no seminário Mudanças Educativas na Sociedade da Informação, promovido pela Fundação Santillana e pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI)” (Blog do professor Franco). Defendeu o modelo de educação chileno, onde todos os universitários de Faculdades Públicas têm que custear suas despesas educacionais e todos os cursos, embora “públicos” sejam pagos.

É por isso que os estudantes universitários, revoltados, foram às ruas pleitear universidades de graça para todos. Estão nessa luta há quatro meses sem parar. O Governo chileno não recua; os universitários também não! É uma autêntica luta para ver quem vai ceder primeiro. Só que os estudantes, por justas razões, vão continuar lutando e o governo vai continuar reprimindo-os em seus mais legítimos anseios.

Em minhas pesquisas constatei que ocorreram duas reformas educacionais no Chile, uma durante o governo militar de Augusto Pinochet, na década de 80, estimulando o mercado privado, pagando por aluno em Faculdes Particulares. A divisão de custos e responsabilidades era dividida entre o Governo Militar e os Municípios, fazendo gerar uma concorrência entre os sistemas públicos e particular de ensino. Segundo informa o blog do professor Franco esse sistema em nada melhorou a educação em termos de qualidade. É dessa época que vem o processo de cobrança pela educação em Universidades Públicas e é contra isso que os alunos lutam. O Governo atual, só continua a executá-lo!

Informa ainda o Blog do professor Franco que a outra reforma se deu nos anos 90, da qual ele próprio fez parte.  Com essa nova reforma, “ingenuamente, acreditamos que adotando medidas salariais e reformas estruturais, transformando gradualmente o Estado ausente em Estado ativo, conseguiríamos equilibrar as coisas e melhorar a Educação”, diz o professor. Mas parece que isso não aconteceu, embora a educação no Chile sempre seja considerada uma das melhores de toda a América Latina.

Hoje, 16 anos depois, o professor Franco admite que o mercado “é muito forte e que deveríamos ter feito regulações maiores por parte do Governo”. Lá como cá, é tudo a mesma coisa: quem manda na Educação são as Universidades privadas que ganham muito em suas mensalidades em seus cursos, mas remuneram muito pouco aos  professores.

Na América Latina, o Chile se destaca por muitas coisas – o vinho, as exportações, os lugares – mas os estudantes universitários decidiram abraçar uma causa nobre e justa pois se a universidade “é pública” o Governo é que deve custeá-la integralmente ou ao menos ofertar de graça o ensino aos alunos que são reconhecidamente carentes porque a Educação chilena pode até se destacar em pesquisas; mais pelo esforço dos próprios alunos e não por investimentos do Estado. É por isso que os alunos estão há quatro meses protestando e não recuam, com justa razão!

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