sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

MEU ANIVERSÁRIO EM UM HOSPITAL EM SP!

MEU ANIVERSÁRIO EM UM HOSPITAL EM SP!
(homenagem à Yara Queiroz, minha esposa)

O ano era 2007. O dia era 13 de fevereiro.

Uma torta em uma mão e um girassol na outra.

Foi assim que chegara minha esposa ao Hospital São Joaquim, na Beneficência Portuguesa, naquela manhã fria, na cidade de São Paulo.
Era o dia de meu aniversário!

Havia sido submetido à quinta cirurgia para drenagem de secreção em meu cérebro, pelos médicos Antônio Almeida e Valéria Moio. Era a quinta cirurgia e a segunda realizada pelos profissionais da medicina no mesmo hospital.

Mas era meu aniversário! E eu o havia esquecido por completo!
Eu lá, deitado inerte na maca da enfermaria, olhando para um teto pintado de branco, havia esquecido a data. Sabia apenas que estava frio naquela manhã quando minha esposa entrou na enfermaria, com a torta e uma flor de girassol.

Mas foi lindo – e apaixonante também, vê-la com uma torta na mão e uma flor de girassol na outra.

-Parabéns pra você! Trouxe-lhe este girassol que significa luz e vida – disse minha esposa, ao entregar-me o girassol.

 Algumas enfermeiras foram até ao local, ao ouvir minha esposa falando um pouco alto:

- O aniversário dele é hoje?

- É sim. É hoje, respondera minha esposa, entusiasmada.

Eu, deitado na maca da enfermaria, só tive condições de confirmar  “é...mas não é que havia esquecido disso!?”

Refeito do prazer e, ao mesmo tempo do susto que minha esposa  me causara por ter se lembrado de meu aniversário e eu, esquecido dele, convidei enfermeiras para comer a torta que fora comprada em uma padaria na esquina da rua do hospital. Nem refrigerante tinha.

Pedi uma faca para cortar a torta! "De aço, se poder" - acrescentei.

Não pode! Se souberem que fiz isso, serei demitida! – respondeu-me a enfermeira. Eu apenas disse-lhe:  “...demitida por uma nobre causa, atendendo ao pedido de um quase moribundo!”

“Eu vou buscar a faca de aço, então!” e saiu da enfermaria a enfermaria.

Trouxe-me a faca, cortei a torta, beijei e guardei a flor de girassol em um canto, na janela, durante dias, até murchar como se ela fosse uma jóia rara – e era para mim. Mas não o girassol como  desejei beijar minha esposa, se pudesse, naquele momento.

Devido ao frio que fazia em São Paulo, o girassol permaneceu firme por alguns dias, até que faleceu como quase falecia também devido a um derrame que sofri.