quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

NO MEIO DO CAMINHO SÓ TINHAM DOZE POSTES...!!!!


Ao contrário do que escreveu o poeta Carlos Drumond de Andrade, em seu excepcional livro “Alguma Poesia”, no qual consta o poema “No meio do Caminho”, afirmando que  teria  uma pedra no meio do caminho, serve muito bem para definir com precisão o fato ridículo e a total falta de planejamento urbano na cidade de Maringá, no Estado do Paraná, porque o aviso de obstáculos que foi colocado na pista, nada mais era que “somente” doze postes de iluminação pública no meio da rua. Como a rua fora inaugurada esses postes todos? Depois da denúncia, a Prefeitura mandou colocar cascalhos na rua, impedindo totalmente o tráfego.


Dá para imaginar o malabarismo e as dificuldades que os motoristas passaram a ter com postes dividindo o meio da rua. Eles eram como se fossem demarcação de fila contínua onde é proibido qualquer tipo de ultrapassagem de veículos e estes tinham, obrigatoriamente, que desviá-los um a um, em uma espécie de balé ridículo.


Na cidade de Maringá, o Código Brasileiro de Trânsito parece que foi totalmente ignorado, rasgado e jogado no lixo e é difícil de acreditar que esse absurdo tenha sido cometido em uma cidade planejada e linda, como a Maringá que conheci na década de 80 quando estava seguindo à Paranavaí para receber um prêmio em um Teatro daquela cidade acolhedora.


Toda pessoa, por mais ignorante que venha a ser, sabe que não pode ser inaugurada qualquer via pública e liberada ao tráfego sem estar devidament6e demarcada e sinalizada. Mas só tinham mesmo doze postes atrapalhando a fluidez do trânsito diário.


Mas esta, em particular, recebeu apenas uma placa dizendo que existiam obstáculos na pista. E os obstáculos nada mais eram que doze postes de iluminação pública, alguns com marcas de abalroamento de veículos.  


Para comemorar efusivamente essa ridícula demonstração de incompetência administrativa e a falta de planejamento urbano, só mesmo o poeta Carlos Drumond de Andrade para descrevê-la tão magistral e perfeitamente em sua obra “Alguma Poesia”, em primeira edição em 1930 e várias reedições posteriores até os dias de hoje:

NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Motoristas da linda cidade de Maringá como eu também, esperamos que essa situação seja resolvida de imediato. Enquanto isso não o for,  transcrevo o mesmo poema “No meio do caminho” , de Carlos Drumond de Andrade, em uma versão somente para a Cidade de Maringá:
NO MEIO DO CAMINHO TINHAM SÓ DOZE POSTES...!!!
No meio do caminho tinham só doze postes
tinham  só doze postes no meio do caminho
tinham só doze postes
no meio do caminho tinham só doze postes
Nunca esquecerei desse acontecimento
na vida de  motoristas tão fatigados de Maringá
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinham só doze postes
tinham só doze postes no meio do caminho
no meio do caminho tinham só doze postes.