terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

KALLIL, UM HERÓI REAL NÃO FABRICADO PELO BIAL!

Kallil Assis Tavares passou no vestibular como qualquer outro aluno estudioso também passaria e nisso não tem nada demais. O fato de ele ser de uma família da cidade de Jatai, a 325 km de Goiânia, também não há nada demais. Kallil passou no vestibular para a Universidade de Goiás e nisso também não há nada de excepcional porque outros alunos que também estudaram, passaram para o mesmo curso e mesma Faculdade.

Então, porque estou me dando ao trabalho de escrever uma crônica sobre esse assunto, se tudo que disse e escrevi até agora tudo é perfeitamente normal?

O diferente nesse caso é o fato de Kallil Assis Tavares, de 21 anos, ser um portador de síndrome de Down e isso torna a conquista ainda mais expressiva, principalmente porque  foi o primeiro aluno com síndrome de Down a passar em um vestibular da UFG. O estudante não teve correção diferenciada, mas foi lhe concedido o direito de alguém ler sua prova e o fato de a prova ter sido impressa com letras maiores, “porque ele tem baixa visão”, explica a mãe do calouro, a pedagoga Eunice Tavares. Ela conta que a escolha do curso e a decisão de prestar o vestibular foram tomadas por Kallil. “Desde o início do ensino médio ele já começou a falar que prestaria vestibular para geografia”, diz.

A doença síndrome de down  ou trissomia do cromossoma 21 é um distúrbio genético causado pela presença de um cromossomo 21 extra total ou parcialmente e foi dado em homenagem a Jonh Langdon Dow, médico britânico que descreveu a doença pela primeira vez em 1862. Mas a causa genética dessa doença só foi descoberta em 1958 pelo professor Jérôme Lejaune, que descobriu  uma cópia extra do cromossoma 21, segundo registra a história da medicina.

Saiba, Kallil, enquanto você ver mapas no computador, eu busco ver em alguma parte do mundo existe tratamento definitivo para curar-me das bactérias borrélia e serratia,  adquiridas dentro de um hospital, durante uma cirurgia para tratamento de empiema cerebral.

Sua matrícula, Kallil já foi feita e as aulas começarão na próxima semana. Mas como você sempre foi estudioso e, segundo sua irmã Camila Assis, sempre gostou de estudar e fazer as tarefas e chegar com elas prontas na Escola desejaria muito tê-lo conhecido. Estudando geografia, conhecendo o mundo na palma de sua mãe, talvez um dia eu o conheça antes de minha morte morrida ou matada pelas bactérias!

Quando cursei Serviço Social, do qual também fui professor, estudei sobre sua doença, mais confesso que não a entendi muito bem e gostaria muito que sua força, determinação e objetividade em seus estudos servissem de exemplo para o apresentador Pedro Bial do BBB, porque você, sim, é o maior exemplo de que herói fabricado na “nave louca do Bial”, mas herói pelos seus próprios méritos e estudos. Na vida real, há tantos outros heróis também que não precisa ficar confinado em uma casa para ser chamado de “herói”. Basta estudar e não se exibir para as câmeras.  Parabéns, Kallil, é só o que posso lhe desejar e que conclua de seu curso de forma honrada como você conseguiu entrar: pela porta da frente pela sua própria capacidade!