segunda-feira, 11 de junho de 2012

LEMBRANÇAS E SAUDADES...!


                Homenagem ao Dr. João Bosco Sá Valente

Meus amigos estão morrendo!

Não compareci ao seu velório e nem ao enterro, amigo Dr. João Bosco de Sá Valente, procurador do Ministério Público Estadual, porque quero lembrar como vivos todos meus mortos, como vivo quero ser lembrado ao morrer! Também não chorei, mas fiquei triste e abalado!

Nessa crônica, apenas desejo recordar com saudosismo minhas  lembranças agradáveis de uma convivência não tão íntima e nem tão constante; mas, sincera, despretensiosa como toda boa amizade verdadeira deve ser construída, sem interesses rapineiros.

Sempre o encontrando de paletó e gravata. Você era promotor de Justiça e frequentaca varas criminais e cíveis e no Poder Judiciário, no Tribunal de Justiça, na Avenida Eduardo Ribeiro. Eu era um simples jornalista em início de carreira, admirando-o com seu modo sempre apressado!

 Naquela época de meus 20 anos, usava cabelos compridos e barba longa. Mas o tempo é implacável!

Os cabelos longos a genética familiar foi implacável comigo, companheiro: caíram, fiquei calvo e só me restaram saudades, algumas fotos e lembranças daquela época; a barba que era grande e negra que ainda a conservo, mas o tempo também se encarregou de pintá-la de branco e ficou agora mais aparada porque minha esposa reclama quando assim não fica.  

Mas não é de barba e cabelo que desejo falar, mas de você, Dr. João Bosco Sá Valente que, ao lado de seu colega promotor Carlos Coelho, liderou movimentos contra a violência policial e decidiu enfrentá-la, denunciando-a, coadjuvado por seu colega, da mesma estirpe.

O respeito e a admiração que sentia por você, Dr. João Bosco Sá Valente, me transformaram em um tipo um fã, pronto para pedir-lhe um autógrafo ou tirar uma foto ao seu lado, mas ficava com medo de sua reação.

Caso o amigo aceitasse minha tietagem, apenas lhe pediria continuasse cumprindo o seu trabalho combativo ao lado de seu colega Carlos Coelho, por quem sempre mantive admiração, respeito, mas com uma distância considerável. Sempre admirei o combate a tudo que também considera errado e inaceitável: a truculência da polícia, em todas as suas formas, ainda mais agora como assistente social que me tornei,  além de jornalista que era.

Anos mais tarde, operado no cérebro várias vezes, encontrávamos sempre por ocaso no interior do Supermercado DB da Rua Paraíba. Nosso respeito e a admiração eram recíproco companheiro, aos nossos modos: você simples e sem qualquer orgulho por ser procurador e, eu, sempre de bermuda sentado em uma cadeira dormindo depois de ter tomado remédios que me mantém vivo, mas  me deixavam com sono, enquanto minha esposa fazia compras no supermercado, coisa que fizera quando podia.

O tempo amigo me ensinou a aumentar ainda mais a consideração já tinha pelo amigo, embora não chegássemos a ser uma companhia tão próxima, como já afirmei,  mas o citei em diversas crônicas que escrevi ao longo de últimos anos, com respeito e admiração que o amigo  sempre mereceu.

Agora você se foi Dr. João Bosco de Sá Valente, como eu também irei e todos nós iremos em breve ao seu encontro. Onde você se encontrar, companheiro, espere-me porque precisamos colocar nossos assuntos em dia, coisa que nunca conseguimos fazer em nossos encontros esporádicos:  era você que estava apressado ou eu com minha esposa me chamando dizendo que lhe importunava muito!

Uma pena. Agora você se foi e deixará muitas saudades a mim e a todos os seus companheiros de Ministério Público. Adeus amigo! Ainda iremos nos encontrar para dizer-lhe o quanto eu o admirava pela sua honradez, determinação, coragem, seriedade e competência em sua função ministerial. Por que o amigo teve que morrer sem que eu lhe pudesse ter dito tudo isso?