O que existe em comum entre um político honesto, ético, moral e uma menina virgem, que não fuma, não bebe e nem pratica qualquer ato social contrário à moral e aos bons costumes, hoje substituídos por outros valores como a prática da corrupção, péssimos exemplos e falta de ética, na polis, nos dias de hoje? Os dois são exatamente iguais: sofrem críticas, discriminações social e comentários daqueles que fazem ao contrário!
Como a menina virgem, os políticos que ainda possuem valores morais, sociais, políticos, éticos, costumes, crenças na transformação coletiva da sociedade, que não mudaram felizmente, ao longo da história social da polis, estão alijados do convívio com outros políticos desonestos que perderam essas características irrepreensíveis porque tudo o que era moral passou a ser imoral e antiquado. Hoje, são olhados pares até com certa desconfiança pelo seu comportamento incorruptível e exercem a política por pura convicção ideológica e o desejo de mudança coletiva de todos e não individual, apenas.
Mas, como as meninas ainda virgens nos dias de hoje, passaram a ser discriminadas por ainda acreditarem na pureza da política como as virgens acreditam no amor puro e verdadeiro e desacreditarem no amor carnal, apenas! Hoje, meninas virgens que não “ficam”, beijam e se envolvem com qualquer homem em baladas por acreditarem na virgindade são discriminadas, consideradas chatas, caretas e outros adjetivos banais. Assim também é o político que não participa de corrupção!
Tudo mudou e o eleitor também mudou. Ficou mais exigente, sofisticado e não vende mais seu voto em troca de pagamentos de contas de luz, água, madeira, telha, o que era comum na política. Agora, continuam vendendo seus votos sim, mas exigem casas completas, mobiliadas e o pior é que ainda alguns candidatos a vereadores prometem isso e desconhecem que o papel de vereador é apenas fiscalizar os atos do poder executivo municipal e ajudar no processo administrativo da polis com sugestões, idéias, projetos que atendam a todos e não a um pequeno grupo de eleitores. O toma lá da cá mudou, mas alguns políticos continuam com suas mesmas práticas e parte dos eleitores também.
A decisão antiga do presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Amazonas, Francisco Guedes de Queiroz, de vender todos os carros oficiais usados pelos parlamentares, exercida em um momento de descrédito na época do bipartidarismo de Arena e MDB e de fragilidade dos parlamentares que os usavam para realização de atividades pessoais e não legislativas, causou surpresa para muitos políticos com mandatos.
O deputado Francisco Queiroz, combativo parlamentar e fundador do MDB, e depois PMDB, respeitado, deixou saudades e é lembrado, até os dias de hoje, pela sua honradez, caráter, princípios morais, éticos e uma profunda fé em mudanças sociais pela ação parlamentar e não pela prática do “toma lá-da-cá” que existia em sua época, com os corredores da Assembléia Legislativa transformados em local para pedintes e comercialização antecipada de votos, como garantia. Como o deputado Francisco Queiroz, vi muito poucos na atualidade, mas não igual a ele.
Como disse, político honesto virou menina virgem no dias de hoje: é raro e, quando existe, não são bem vistos pelos eleitores porque sempre serão vistos pelos eleitores como políticos antipáticos, prepotentes e exibidos e, por isso, perdem votos, prestígio político, espaço na mídia por exercerem a política só por ideal e convicção verdadeira de que a sociedade ainda poderá mudar no coletivo e não no individual. Infelizmente, são muito poucos os que ainda sobrevivem no exercício político, mesmo que discriminados como são.
