Seria possível recuperar do vício das drogas, os quase 60 mil adolescentes envolvidos com o tráfico no Brasil? Sim, é. Mas não será fácil!
Dependerão de ajuda médica ambulatorial, dedicação durante seus tratamentos, educação, ensino profissionalizante, trabalho, carinho, paciência e transmissão de conhecimento sobre o que venha a ser cidadania, definindo o que são exatamente limites e espaços sociais. O jovem envolvido com crimes e drogas não vê limites, regras e assumiu em seu dia-a-dia a violência como parte integrante de sua vida e a incorporou para si. Mas é possível a recuperação, sim! (A CIDADANIA COMO FATOR DE RESGATE SOCIAL, in carloscostajornalismo.blogspot.com).
Depois da discussão com uma psicóloga que negava a existência de um mundo próprio do menor vitimizado pelas drogas e violência, decidi pesquisar, conhecer e entrar no mundo deles. Durante oito anos, ajudei a coordenar um programa que visava recuperar e devolver à sociedade jovens infratores, meninas prostituídas e em situação de risco social. No trabalho, os recebia com apresentação do filme “A Paixão”, narrando as últimas doze horas de vida de Cristo, interpretado pelo ator, diretor, produtor e roteirista australiano-estadunidense Mel Com-Cille Gard Gibson (MEL GIBSON).
Criticado por muitos por ser um considerado uma luta contra o anti-semitismo, o filme apresenta sem ambiguidades, as autoridades e uma horda judia como a responsável pela decisão de crucificar Jesus, na visão de Abraham H. Foxman, de uma distribuidora de filmes. A obra apresenta uma violência extrema contra Jesus e com isso os menores infratores se impactavam com as cenas!
Os dependentes químicos que necessitam de tratamento médico, assistiam a todas as cenas de violência contra Jesus, retratadas no filme e, ao final, exclamavam: “quanta violência, hein professor!”, outras vezes ouvia a exclamação entre os ouvintes: - “mas foi assim mesmo que aconteceu, professor?” Usava esse momento de impacto e proferia palestra sobre a violência também praticada pelos menores nas ruas, usando facas, terçados, thacos, punhais, soco-inglês, com estupros, assassinatos de pais e mães para conseguir drogas, enfim, praticados por todos os que se assustavam com as cenas, mas também a praticavam mesmo sem perceber ou entender o que faziam.
Ouvindo a palestra, geralmente ouvia comentários entre eles, “eu não faço isso” ou a pergunta, “foi assim mesmo que aconteceu com Jesus?”. Respondia sempre: - Foi assim mesmo que aconteceu e muitos de vocês praticam violência até maiores do que as mostradas no filme, sem se aperceberem disso, porque a violência já está fazendo parte da vida de todos e passou a ser uma coisa comum, banal e sem importância! “Ah, não acredito!”- era a resposta de muitos.
- Professor, o senhor acha que sou assim, também?
- É. Você é. Apenas não percebe isso porque pratica contra outras pessoas...
- Será que eu posso mudar...?
- Se você quiser, pode sim. Mas só depende de sua força de vontade interior e de ninguém mais, porque ninguém ajuda ninguém. Só abrimos portas e vocês caminham com seus próprios pés, com novo olhar e novas perspectivas de vida.
Era assim que desenvolvia o trabalho social. Por isso, reafirmo: é possível sim, recuperar menores, envolvidos com drogas e violência. Mas depende só deles e nossa ajuda profissional!
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