sábado, 29 de setembro de 2012

"PAI, COMPRA "PIXE" PRA MIM!"




- Pai, peixe bom pra comer...!

Era o meu filho, aos sete anos de idade, subindo em uma cadeira, pegando o pequeno peixe que criava dentro de um aquário, com sua pequena mão, para comê-lo cru, levando-o diretamente à boca!

Era a santa inocência de meu filho se manifestando com a visão do peixinho do aquário construído aproveitando restos de um grande aparelho de TV, fabricado todo em madeira com válvulas que aqueciam para fazê-lo funcionar....

No café da manhã, também costumava admirar o bailar do peixe dentro do enorme aquário. Ele pulava para fora d‘água como se estivesse pedindo para tomar café também. Eu o observava vendo-o bailando alegremente para mim. Já sabia: colocava ração dentro do aquário e todos os peixes começavam a comer ao mesmo tempo. Eram vários peixes que criava em meu aquário, uma terapia que depois abandonei porque passei a morar em apartamento e doei o imenso aquário que recebia 80 litros de água. Dava muito trabalho manter a água sempre limpa!

Meu filho adorava peixe – coisa que hoje, na adolescência, diz que não gosta mais – e sempre que saia para feira, me pedia:

- Pai, não se esqueça de comprar “pixe” pra mim, tá, pai? “Pixe”, na linguagem de meu filho, significava “peixe” e eu sempre comprava!

Hoje, quando observo meu filho adolescente, em uma “aborecência” natural devido a embolia hormonal que se processa no interior de seu corpo em transformação de criança para adolescente, relembro desse fato e fico rindo sozinho e me pergunto “por que meu filho não viveu mais ainda sua inocência?”

Já tive 14 anos e o comportamento que meu filho adolescente, também. Só que não existiam novidades tecnológicas lançadas todos os dias em forma de celulares, computadores, iPad e TV de plasma, LCD e digital. Brincávamos de bola no meio da rua, bolinha de gude, papagaio, barra-bandeira, manja pega, 31 alerta, canga-pé, pião, carrinhos de rolimã etc...essas coisas eram novidades e nos divertíamos muito, até a exaustão ou ao sol se por.

Novidades eletrônicas em meu tempo foram os primeiros jogos em forma de bonequinhos que batiam e voltavam como se fosse uma espécie de balé mágico que nos entretinha, quando as cabeças se viravam de um lado e para outro, acompanhando apenas o movimento...de vai e vem!

Depois do uso de papel de papagaio na frente da TV em preto e branco para vê-la como se fosse colorida, novidade também foi o lançamento primeiro aparelho de TV colorido vendida no mercado, ou um rádio mais moderno e, ainda,  um telefone residencial que se comprava pagando prestação em carnê devido seu elevado preço, adquirido como se fosse um investimento. Essas coisas eram novidades! Também era novidade alguém faltar com respeito contra pai ou mãe, aprontar e não ficar de castigo na escola...

O mundo mudou, mas não mudaram a falta de respeito aos pais, as missas aos domingos, os amigos do olho no olho, substituídos pelos virtuais, os abraços, os agradecimentos, os apertos de mão, o “muito obrigado” como forma de agradecimento, os mais novos darem lugar aos mais velhos em bancos de ônibus... e outros locais públicos. Dessas coisas, ainda sinto muita falta! Mas sei que nunca mais voltarão porque também foram destruídos pelo progresso que destruiu os valores antigos, mas perfeitos da sociedade que dizem ser ultrapassada. Eu não acho!

Um comentário:

  1. Eu acho tudo isto muito relativo,pois ainda há quem brinque como antigamente e também quem respeite os pais,só que hoje a nova geração exige e precisa de muita mais conversa,mais diálogo e muitos pais não entendem isto.Não sou adepta da ideia de que mãe é mãe e pai é pai.Respeito tem que ser recíproco e sempre cobrei isto dos meus pais.Bjssssssss
    Os comentários em meus blogs estão normais.

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