Uma criança, em sã
consciência, não trocará o pequeno peso de um lápis de escrever por uma grande
e pesada enxada de capinar. Ela o faz por
pura necessidade em ajudar a família sempre muito numerosa, com pouca qualificação
do “cabeça do casal” ao emprego e perde o foco na educação, no estudo!
Foram-se os tempos em que
pessoas com até 20 membros de uma mesma família pobre (O CAMINHO NÃO PERCORRIDO
– a trajetória dos assistentes sociais masculinos em Manaus, em análise de
dados – in carloscostajornalismo.blogspot.com) trabalhavam todos para que, pelo menos, um de seus membros virasse um “doutor”.
Foi-se o tempo romântico da época da borracha, quando o Amazonas era um dos
Estados mais ricos do Brasil e as famílias se davam ao luxo de mandar lavar
suas roupas na França por falta de lavadeiras em Manaus!
Isso agora virou história
porque a realidade social atual mudou muito desde aquela época do apogeu da
borracha ou da “Ilusão do Fausto”, título de livro da professora da UFAM
Edinéia Mascarenhas, que retrata essa mesma época. A professora garante em sua
obra que nunca existiu o período áureo da borracha no Amazonas; somente uma
ilusão de riqueza!
Deixando a historia real de
lado e voltando ao tema social da crônica, o certo é que o Brasil, segundo
dados oficiais, reduziu em mais 60% o número de pequenos trabalhadores entre
cinco e nove anos de idade. Na faixa etária de 10 a 17 anos, a redução foi de
36%, mas poderia ter sido bem mais se os países das crianças recebessem
qualificação para ingresso no mercado formal de trabalho, com CTPS assinada e
também possuíssem alfabetização para que mais crianças também possuíssem e exercessem
sua plena cidadania. Estudo divulgado pela Organização Internacional do
Trabalho mostra uma redução no índice do trabalho infantil em todos os países, incluindo
o Brasil, onde o programa só foi implantado em 1986, e que já conseguiu retirar
mais de um milhão de crianças e adolescentes das ruas, dando-lhes oportunidade
de viver suas infâncias. Mas ainda falta qualificação profissional de seus pais
para que lhes seja permita a oportunidade de sustentar suas famílias com
dignidade!
Relatório da OIT em 2004,
quando o Brasil ainda não havia implantado o PET, mostrava que 97% dos jovens
de 7 a 14 anos, estavam matriculados no Ensino Fundamental, mas ainda falta
educação profissionalizante para os pais das crianças a fim de que elas não voltem ao mercado informal de
trabalho (no Brasil a criança pode ser menor-aprendiz depois de seus 16 anos).
Para continuar nesse ritmo e
permitindo que mais crianças não continuem trocando a leveza de um lápis de
escrever, a delicadeza e perfeição de uma borracha que apaga os erros ou de um
livro lido que faz transportar o leitor pelo mundo da imaginação de um autor,
pelo pesado cabo de uma inchada na roça ou uma pilha de pratos sujos a serem
lavados por uma garotinha qualquer, em um lar qualquer, também se faz
imprescindível que 97% dos pais das crianças retiradas das ruas ou de outros
milhares que ainda se encontrem trabalhando, receba qualificação profissional e
ingressem no mercado formal de trabalho.
Caso contrário, o PET não
alcançará os resultados que Governo espera do programa!
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