quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

A QUE PONTO CHEGOU A CLASSE POLÍTICA!


Ao olhar as mensagens em redes sociais no celular, deparei-me com uma recomendação aos brasileiros: “Cuidado. Está começando o recesso parlamentar e os políticos estão voltando para seus Estados”, como se fosse alusão às últimas denúncias de corrupção contidas nas delações premiadas de executivos da Odebrecht, que fez acordo e decidiu devolver dinheiro nos Estados Unidos e vários outros países em que executava obras conseguidas de forma não muito recomendável. Um departamento de gerenciamento de propinas foi criado pela construtora. No Brasil, constavam doações ilegais e legais para 11 partidos e 51 parlamentares, inclusive o atual presidente da República, Michel Temer, quando era deputado federal por São Paulo. Mas nem sempre fora assim e no passado e o Brasil sentia orgulho de seus representantes.

O empresário Cassiano Cirilo Anunciação Filho, ex-diretor do  “Diário do Amazonas”, na casa de sua irmã Francisca Rocha Anunciação, no Condomínio Dalva Toledo, em Manaus, onde o reencontrei depois de ter sido Editor Geral em seu jornal, disse-me:  “a classe política é importante para manter a democracia” e acrescentou que o deputado cassado e preso por corrupção, Eduardo Cunha, deveria ser homenageado com um busto em cada capital porque teve  coragem de retirar o PT do poder. No passado, foi verdade. Na atualidade, talvez não seja tanto!  Onze partidos políticos e 51 políticos da linha de frente da base de sustentação do atual Governo Temer, inclusive o próprio, estão citados em delação premiada de executivos da construtora Odebrechet, homologada pelo ministro Teori Zavascki, só  Para manter o esquema de corrupção, a empresa  criou um setor estratégico só para tratar de esquemas de Caixa 2, no Brasil, Estados Unidos e nos outros países em que atuava. Ainda seria atual essa necessidade, com a atual safra de deputados federais e senadores que seriam os representantes da sociedade. Mas de qual sociedade?  


Excepcionais representantes do povo militaram na política do Brasil. O  que mais se destacou a nível nacional,  foi o senador Rui Barbosa, o  “Águia de ”,considerado o “maior entre os maiores”, apesar de ter baixa estatura. Ele foi autor de que se tornaram lei, como “devemos tratar os ricos de forma igual e os  pobres de forma desigual, na medida em que se desigualam”, invertendo  a antiga versão original do princípio igualdade que existia. Deixou também  discursos inesquecíveis  como “Oração aos Moços”, quando foi paraninfo dos formandos da turma da Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em SP, em 1920.  Na República, o Brasil contou, ainda, com outras figuras políticas marcantes na sua história, como o Dr. Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Paulo Brossard, Pedro Simon e Teotônio Vilela, o menestrel das Alagoas, que viajou e fez discursos memoráveis pelo Brasil  defendendo  a emenda das “Diretas Já” apresentada na Câmara Federal pelo deputado Dante de Oliveira que, mesmo votada e derrotada  deu continuidade ao processo, “lento e gradual”, como se pronunciou o então presidente da República, General João Batista de Oliveira Figueiredo, de abertura política, terminando com a eleição de Tancredo Neves, no Colégio Eleitoral. Faleceu antes de assumir a presidência da república, mas foi “o melhor presidente que o Brasil não teve”, como escrevi na coluna que escrevia nessa época no “Diário do Amazonas”. Eunice Michilles, primeira senadora do Brasil, Carlos Esteves, do município de Maués, Sadie Hauache, empresária de comunicação no Estado, o jurista Arthur Virgílio Filho,  Fábio Lucena, João Bosco,  que marcaram a militância política no Senado da República representando o Estado do Amazonas, além de tantos outros.

Na Assembleia Legislativa do Amazonas, também militaram brilhantes advogados e parlamentares. Dentre eles, se destacaram pela postura que mantiveram no exercício de seus mandatos,  Félix valos Coelho Junior, tendo seu pai sido governador  do então Território Federal de Roraima, Arlindo Porto, o único parlamentar cassado pela Revolução no Amazonas, João Valério, Francisco Guedes de Queiroz, que se tornou sinônimo de retidão e honestidade, Damião Ribeiro, Beth Azize e Armando Freitas, o poeta de Maués, Homero de Miranda Leão, José Maria Monteiro, Jose Belo Ferreira e tantos outros. Na atualidade, se destacam na militância comprometida com os interesses da população, o advogado Luiz Castro, José Ricardo, Luciana Campelo e Sinésio Campos, os mais atuantes. A que ponto chegou à política do Brasil!

Nas redes sociais, leio frases “se gradear vira prisão”, “se cobrir com lona vira circo” se referindo à atual classe política. Ou foto  mostrando as cúpulas do Senado e da Cama como se fossem dois grandes vasos sanitários. Entre os dois prédios que abriram os deputados federais e senadores, um imenso papel higiênico preso entre as duas casas que deveriam merecer respeito e ter mais credibilidade como já tivera no passado...Ou seria a revolta silenciosa contra a parte podre dos políticos, mas  que ainda não se manifestou nas urnas em forma de voto consciente ou seria a mais pura realidade?  

5 comentários:

  1. Verdade!
    São poucos os políticos que honram os seus mandatos!

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  2. Meu caro Carlos Costa; a deterioração da classe política cresce às vistas grossas e, por tudo isso, só temos a lamentar, como você muito bem deu destaque a políticos sérios e que, hoje, podemos contar nos dedos.

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    1. Dilma de volta a presidência mais pelo dem

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  3. Sobre esse assunto faz poucos dias publiquei o conto "Era de Aquário" escrito nos anos 80 mas que não perdeu sua atualidade.Ele está postado em minha escrivaninha, no Recanto das Letras.
    Quanto aos políticos antigos, eu citaria Eurípedes Cardoso de Menezes, Carlos Lacerda e Sandra Cavalcanti. O melhor presidente que já vi foi Itamar Franco. Abraços.

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  4. Caro Carlos, agradeço sua menção ao meu nome e o parabenizo pelo texto lúcido e atual. De fato, a situação política - e econômica do país, e do nosso estado também- é desalentadora. Mas a Esperança se renova com o combate ampliado à corrupção e o aumento da consciência crítica da população.

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