sábado, 14 de maio de 2011

"NOIS FALA ASSIM PORQUE NOIS QUE, MAIS QUE NOIS SABE, NOIS SABE"!

“Nois fala assim porque nois que, mais que nois sabe, nois sabe”.  Essa frase foi escrita no quadro negro do Colégio Estadual, para nosso rígido professor de Gramática, nos idos tempos do Governo Militar.
Naquela época, estava sendo comemorada a Festa Junina na quadra da Escola. Falávamos como “caipiras da roça”. O mestre entrou na sala e chamou-nos à atenção. Ficamos meio desconcertados pelo ocorrido e decidimos nos vingar. 
O mestre, como castigo, mandou um de nossos colegas escrever vinte vezes no quadro negro a frase: “nós falamos assim porque nos queremos, mas que nós sabemos, nós sabemos”. Mais a última frase foi esta com a qual iniciei a crônica.  
Foi de propósito, pois fiquei espantado com a decisão do MEC em defender que o aluno não precisa mais seguir as regras da gramática para falar de forma correta!   
Em um livro de português, distribuído pelo Ministério da Educação, o MEC defende que a maneira como as pessoas usam a língua deixe de ser classificada como certa ou errada e passe a ser considerada adequada ou inadequada, apenas.
Então, a frase que iniciou a crônica está corretíssima, afinal, eram os festejos juninos, quando nos transformávamos todos em “caipiras da roça”, e era assim que falávamos. Nosso professor de gramática  errou em ter nos repreendido?
A defesa de que o aluno não precisa seguir algumas regras da gramática para falar de forma correta está na página 14 do livro “Por uma vida melhor”. Por que Ministério da Educação aprovou o livro para o ensino da língua portuguesa a jovens e adultos nas escolas públicas? “Barbarismo, talvez”, responderia meu rígido professor de gramática! Um contra senso, respondo eu!
Ele apresenta a frase: "Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado", com a explicação: "Na variedade popular, basta que a palavra ‘os’ esteja no plural". "A língua portuguesa admite esta construção". Acho que emburreci de vez! Onde que a língua portuguesa admite uma expressão dessas?
A orientação aos alunos continua na página 15: "Mas eu posso falar 'os livro'?". E a resposta dos autores: "Claro que pode. Mas com uma ressalva, ‘dependendo da situação, a pessoa corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico’”. Agora, pirei de vez! Socorro! Internem-me em um manicômio! Preconceito a pessoa vai sofrer se não se expressar corretamente e vai ser taxada de burro, analfabeta e outras coisas mais. Nunca vi dizer que falar bem, se expressar bem ou escrever bem é sinônimo de preconceito!
Heloísa Ramos, uma das autoras do livro, disse que a intenção é mostrar que o conceito de correto e incorreto deve ser substituído pela idéia de uso adequado e inadequado da língua. Uso que varia conforme a situação. Ela afirma que não se aprende o português culto decorando regras ou procurando o significado de palavras no dicionário. Concordo. Mas que regras mínimas para se aprender, ah, isso tem! Não é sem regras mínimas que se vai aprender alguma coisa!
O Ministério da Educação, de forma absurda, disse que a “escola deve propiciar aos alunos jovens e adultos um ambiente acolhedor no qual suas variedades linguísticas sejam valorizadas e respeitadas, para que os alunos tenham segurança para expressar a "sua voz"”. Isso nada tem a ver com valores éticos, morais e de cidadania aos alunos!
A doutora em sociolinguística Raquel Dettoni concorda que é preciso respeitar o falar popular, que não pode ser discriminado. Ser chamado de burro, analfabeto não será ato mais discriminatório, ainda? Para suavizar sua justificativa diz que a “escola tem um objetivo maior, que é ensinar a língua portuguesa que está nas gramáticas.” Não podemos, por isso, ensinar como falar besteiras, burrices e achar que está certo!
“Se a escola negligencia em relação a este conhecimento, o aluno terá eternamente uma lacuna quando ele precisar fazer uso disso no seu desempenho social. Nós não podemos desconsiderar que a função social da escola, com relação ao ensino de língua portuguesa, é - em princípio - prioritariamente ensinar os usos de uma norma mais culta”, destacou. O que faltam nas Escolas são ensino Técnico Profissionalizante, cidadania, moral e civismo!
Tudo que se aprendeu, no passado, com horas e horas de sono perdidas pelo professor de gramática para explicar corretamente sobre conjugação de  tempo verbal, pretérito do presente, passado e outras coisas mais serão simplesmente jogados no lixo? Se as Escolas, formadoras dos estudantes, não lhes ensinar gramática, como é que os vão fazer concursos, provas e outras atividades? Se o ensino já está péssimo, o MEC acaba de piorá-lo ainda mais! Só que agora com respaldo oficial! E nossa cultura, originária da Educação, como é que vai ficar?
E o pior é que algumas pessoas ditas intelectualizadas ainda defendem essa forma absurda de se expressar! Quero ver como o professor vai conseguir corrigir uma a prova quando o aluno escrever “nós vai ou nós foi”? Ou quando um aluno de nível superior escrever “senxualidade” como se estivesse copiando a Xuxa, para querer dizer sensualidade em uma prova de graduação!
Já li, vi e ouvi muitas bobagens oficiais, mas essa é a primeira vez que ouço falar tamanha besteira, aceita pelo Ministério da Educação e Cultura!
Que queiram criar a cultura nordestina, o “nordestinês”, com a chancela oficial do MEC, é até aceitável. Mas querer que todos os alunos esqueçam tudo o que aprenderam e passem agora a falar errado, é um absurdo!  Acho que vou dar nota zero para meu professor de gramática porque ele me ensinou exatamente ao contrário do que se deve falar. Ou para ensinar nas escolas vão ter um tipo de linguagem, e para corrigir as provas exigirão outra linguagem ou eu estou ficando maluco e a família nem desconfia?
“Nós fala assim porque nos quer, mas nós sabe, ah, nós sabe!” E fim de papo!

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3 comentários:

  1. Istudado nóis já é, nóis fala errado por que nóis qué.

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  2. A maior e mais efetiva comunidade de campanhas online para mudanças
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