domingo, 20 de maio de 2012

BOAS ESCOLAS E COM EDUCAÇÃO DE QUALIDADE!

Eduardo Galeano já escreveu que para “se mudar uma realidade, é preciso conhecê-la” e, para transformar a realidade das drogas no Brasil só com boas escolas, mais educação, civismo, cidadania, habitação, saneamento, enfim, os princípios sociais que Constituição de 1988 forneceu à sociedade, mas que ainda precisam ser colocados em prática. Quanto mais escolas forem construídas contemplando o fim social da educação libertadora, igualitária, inclusiva, verdadeira, concreta, menos pessoas se envolverão com as drogas porque uma educação abrangente, de qualidade, associando todos os componentes de teatro, música, esporte dentro do espaço da transversalidade, será o único meio possível de livrar o que ainda resta dos nossos jovens das drogas, prostituição, tráfico e mortes anunciadas.

Mas, escola de qualidade não e feita só com a construção de um prédio e pagamento de bons salários aos mestres, porque os professores deverão ser bons e comprometidos com uma visão educacional ampla, com uma escola atrativa aos jovens. Será preciso compromissar os professores com a nova realidade social da comunidade em que estejam inseridas as escolas e desenvolvam debates sobre gravidez na adolescência, álcool, droga, tráfico, prostituição infantil e infanto-juvenil, enfim, como fazia com os alunos quando ministrava aula de português e literatura amazonense em uma Escola Pública em Manaus. Uma vez ao mês, sempre na última aula, escolhiam livremente um tema e eu teria que debater com todos eles sobre o assunto sugerido. Dá trabalho, exige dedicação, compromisso, mas dá para ser feito.

Sempre ao final de cada palestra, deixava à vontade os alunos escolherem o tema de uma nova palestra. Preparava o novo tema sugerido pelos alunos, desenvolvia-o envolvendo com as disciplinas que ministrava durante um mês inteiro. No dia, reunia minhas turmas em um auditório e substituía a aula de português,  desenvolvendo o tema que os alunos haviam indicado, sempre fazendo uma ligação com minha aula.

Fiz isso até o dia em que ministrei palestra sobre a origem dos palavrões, ou palavras “obscenas”, transportando o tema para a origem da língua portuguesa, o teatro Grego, as invasões bárbaras  etc., mas fui acusado pela diretora da Unidade de estar ensinando palavrões em sala de aula e pedi demissão. Para piorar a situação, a denuncia contra mim havia sido feito pela aluna que mais falava palavrões!

Mas, ao deixar a Escola, deixei uma biblioteca montada só com livros de autores do Amazonas, porque sempre os indicava aos alunos e eles tinham que comprovar com obras do autor sugerido por mim ou escolhido por eles próprios.

Não sei hoje se ela ainda funciona e se os livros doados pelos escritores sobre os quais pedia trabalhos aos alunos, solicitando sempre a doação de dois exemplares de cada obra dos autores para a biblioteca da Escola. Levava os escritores nas salas de aulas, os apresentava, davam rápidas palavras sobre o gênero que escreviam e respondiam às perguntas dos alunos!

Sem uma educação comprometida com nossa realidade, perderemos toda uma geração de jovens, hoje envolvida com as drogas lícitas ou ilícitas.