As favelas do complexo de Manguinhos e Jacarezinho,
no Rio de Janeiro, foram pacificados em menos de 20 minutos, sem um único
disparo de tiro, mesmo com enorme aparato policial da PM, Exército, Polícia
Rodoviária Federal e da Marinha, com guardas fortemente armados, carros
blindados e tanques de guerra desfilando pelas vielas. E agora, o que será feito? Só a “pacificação”
não será suficiente para resolver todos os problemas sociais das favelas,
inclusive porque também nenhum bandido chegou a ser preso nem antes, durante ou
depois da operação, apesar de todo o aparato policial cinematográfico.
As favelas do Rio anteriormente “pacificadas” estão
merecendo atenção das esferas sociais e econômicas dos Governos Federal,
Estadual e Municipal. Eventos internacionais de música e outras promoções
visando à integração das favelas estão sendo promovidos nos locais, turistas e
investimentos ressurgiram, o setor imobiliário investiu, o setor imobiliário cresceu mas, mesmo assim, continuam
tendo problemas em questões da área social e moral, com mortes de PMs e
policiais militares ainda envolvidos com milícias e o tráfico. As favelas “pacificadas”
de Manguinhos e Jacarezinho, também
passarão a ter os mesmos problemas, além de outros que surgirão.
Muitos adolescentes dependentes de crack, tutelados
pelo Estado, recolhidos pela Secretaria
de Assistência Social, já voltaram para as ruas menos de 10 horas depois de
retirados e criaram um novos espaços, ocupando ruas e transformando-as em
cracolândias. Os adultos, que não podem ter imposição de tratamento compulsório
contra a dependência química, estão se recusando à oferta médica do Estado e
não podem ser recolhidos, infelizmente. O que fazer? Persistir com erros e
acertos, porque nunca foi fácil tratar a dependência química voluntariamente,
quanto mais por imposição.
A palavra pacificar
significa “restabelecer a paz, restituir
a paz, restabelecer a calma”. Também existe sinônimos para a palavra “pacificar”, como “aliviar, atenuar, congraçar, desapoquentar,
harmonizar, mitigar, reconciliar, serenar, sossegar e tranquilizar”. Mas a
palavra só pode ser empregada em caso de guerra declarada, o que não foi o caso
das ocupações pela PM, Polícia Rodoviária, Federal, Exército e Marinha com soldados,
blindados, tanques de guerra nas favelas do Rio de Janeiro.
Acreditando que o sentido de “pacificar” esteja
mais voltado aos sinônimos, o importante é que socialmente as favelas do Rio de
Janeiro passaram a viver com alívio, congraçamento, de forma harmônica, serena,
sossegada e tranquila, mas poderá ser por pouco tempo porque os bandidos
continuam soltos e voltarão a agir, a menos que os serviços públicos do Estado comecem
a ser executados imediatamente para justificar a ocupação das favelas.
O tratamento contra a dependência do vício do crak
precisa continuar, mesmo que seja somente para alívio de muitas famílias de dependentes
químicos, destroçadas social e moralmente pelos seus filhos adolescentes “drogaditos”.
Os dependentes químicos maiores de 16 precisam receber também qualificação para
o mercado de trabalho e serem encaminhados ao emprego formal. Contudo, mesmo
sendo importante a recuperação social dos dependentes químicos, os pais dos
menores em tratamento, também precisarão ser treinados para o mercado de trabalho,
encaminhados ao emprego, sob pena de seus filhos retornarem às ruas para
continuar consumindo, traficando, roubando, praticando violência, se
prostituindo para manter o vício.
A recuperação de menores dependentes químicos não
será fácil e nem rápida, principalmente porque não existe remédio que alivie o
período da abstinência química. Mesmo assim, deve ser uma das metas sociais do
Governo Municipal do Rio de Janeiro, dentro das favelas pacificadas sem tiros,
ainda. Não é só o adolescente que precisará de tratamento; as famílias deverão
ser preparadas para a nova realidade porque todos se encontravam doentes pela de
falta do exercício de cidadania, lazer,
saúde, educação, creches...
AMIGO CARLOS, ESSAS SITUAÇÕES NUNCA SERÃO RESOLVIDAS TOTALMENTE POR CAUSA DOS INTERESSES PARTICULARES QUE CIRCULAM EM TODAS AS ESFERAS. QUANTO AO TRATAMENTO DO VÍCIO, SÓ REALMENTE ACONTECE SE A PESSOA TIVER REAL INTERESSE EM SE CURAR E NUNCA MAIS PODE CHEGAR PERTO DE NADA PARECIDO NEM COM CIGARRO NEM BEBIDA. EU TENHO UM AMIGO QUE SOFRIA DE ALCOOLISMO QUE DIZIA QUE NÃO PODIA NEM AO MENOS SENTIR O CHEIO DE BIOTÔNICO FONTOURA QUE DAVA VONTADE DE VOLTAR A BEBER. SÃO SITUAÇÕES MUITO DIFÍCEIS.
ResponderExcluirABRAÇOS CARINHOSOS. OBRIGADA PELA PARTILHA
REGINA MADEIRA
Um alerta de valor e consciência social que merece atenção, respeito e principalmente ação por parte das autoridades públicas, principalmente no tocante a oferta de trabalho, aos jovens viciados e aos pais, que como cidadãos merecem ser inseridos no mercado de trabalho, para cumprir com suas necessidades básicas e ter, em concretude, a certeza do quanto o trabalho dignifica o homem. Abraços,Liliane Prado.
ResponderExcluirMuito pouco ou quase nada está sendo feito para livrar os usuários da dependência.
ResponderExcluirLegiões de viciados estão espalhadas pela zona norte revirando lixo e dormindo sob marquises.
Os bandidos contiuam agindo em boa parte das favelas, principalmente na Mangueira.
Era preciso fazer uma devassa na PM.
Por fim, deve haver um plano que evite a expansão desordenada das favelas. Em muitas delas depois da pacificação a especulação está correndo solta.
O Estado precisa botar ordem nesses antros de desordem, levar serviços decentes de saúde, educação/esporte, creches e investir pesado na juventude.
Aliado a isso, deve haver um plano de construção de casas polulares e coleta de lixo e urbanização (não apenas no entorno).
O fundamental é conter o avanço desmedido das favelas e promover o reflorestamento das encostas.
As medidas ainda são tímidas.
Como o Beltrame informou é preciso fazer, muito, mas muito mais.
O problema é que o governo está fazendo muito jogo de cena e agindo muito pouco onde deveria.
Parabéns pelo Blog!