(em homenagem à Wilson,
linotipista, Raimundo Cardoso e Raimundo Holanda, copy desk em A NOTÍCIA e
Veríssimo, diagramador no DIÁRIO DO AMAZONAS)
Como saídas de um sonho, em
uma antiga redação de jornal, depois de o jornalista escrever suas palavras,
novamente letras mágicas caíam da imensa máquina de linotipo, usada por
profissionais linotipistas, que reproduziam a beleza dos textos jornalísticos e
crônicas e amanheciam estampados graficamente em papéis de jornais no dia
seguinte.
Tudo começava um pouco
antes, nas redações dos jornais.
Depois que o profissional
de comunicação produzia o texto em antigas, mas consideradas modernas máquinas
de escrever, seguia para o copy desk – tive dois, Raimundo Holanda e Raimundo
Cardoso, em A NOTÍCIA, já falecido, irmão de uma amiga da família, a
funcionária aposentada da ALE, Lourdinha, – no Diário do Amazonas,
o Veríssimo, diagramador da página, gente boa e brincalhona que, com réguas e cálculos verificava, conferia e somava as letras e ao final, colocava tudo dentro de um espaço marcado com
a régua na página, com código em cada matéria.
Depois, enroladas as matérias
separadas dos títulos, codificadas também, tudo passava para a sala da
linotipia, com várias máquinas que
suportavam letras cunhadas em chumbo – uma espécie de máquina de escrever, só
que em tamanho gigante.
Os linotipistas das antigas
máquinas - hoje existentes só como peças
de museus – era os que davam a verdadeira dimensão e perfeição aos textos
jornalísticos. Nada podia ser modificado. Os profissionais dessa área eram uma
espécie de copistas do que o jornalista escrevia, nem por isso tinham menos
importância.
Copiados em chapas de raio
X, revelados, cortados os espaços para as fotos, seguia tudo para a máquina de
impressão. As primeiras eram uma espécie de repetidora e imprimiam uma a uma as
páginas. Depois, as mais modernas, possuíam cilindros onde eram colocados os
filmes e por isso ganharam o nome de rotatórias. As tintas eram imprescindíveis
nessa etapa e os jornais consumiam muitas latas.
Os primeiros jornais eram
difíceis de serem lidos. As letras eram difíceis de serem produzidas uma a uma
e ficavam desalinhadas nas frases. Todas tinham que ser colocadas em espaços
específicos das máquinas de linotipos, para permitir que letras mágicas caíssem
uma a uma e ocupassem seus lugares, formando palavras, frases e parágrafos.
Hoje, tudo está moderno, os
cálculos, espaços, contagem de letras, manchetes de páginas...tudo passou a ser
feito diretamente no computador. A época romântica do jornalismo desapareceu e
tudo ficou mais chato, apesar de mais moderno.
A profissão de linotipista
desapareceu! Como acredito que irão desaparecer as profissões de “copy desk” e
de diagramador de jornais, pois tudo agora é feito pelo computador. Só não
desaparecerão os homens para executar esses trabalhos, felizmente!
Lembro bem do Veríssimo, trabalhei com ele em A Crítica, lá por 1977 ou 1978.
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