Seis
milhões dos 31,7 milhões de eleitores aptos a votar no segundo turno das eleições
municipais faltaram às urnas, o que representou mais de 19% dos eleitores. Com
100% das urnas apuradas, o número de abstenção no segundo turno ultrapassou
três pontos percentuais a mais que o índice do primeiro turno. Esse aumento
preocupou o Tribunal Superior Eleitoral e será avaliado pela Justiça Eleitoral,
mas pode ser explicado, talvez, pela democracia do voto obrigatório que o
Brasil resiste em modificar.
A
ministra do TSE, Cármem Lucia, disse “agora cabe aos órgãos tanto da Justiça
Eleitoral quanto aos especialistas e cientistas políticos, fazermos essa
avaliação porque qualquer aumento é preocupante. Toda abstenção não é boa”,
concluiu a ministra. E ela tem razão. Seria talvez porque os eleitores já se
cansaram da mesmice de sempre, as mesmas promessas de sempre que quase nunca
são cumpridas? Ou seria porque existe uma distância quilométrica entre o que
prometem os candidatos e o que deseja o eleitor? Poderia ser, ainda, a falta de
candidatos a cargos eletivos, com nomes de qualidade moral nas disputas
eleitorais, que estaria afastando os eleitores das urnas?
Como
não sou da justiça eleitoral, muito menos especialista e tão pouco me encontro entre
os cientistas políticos, como eleitor me arrisco a supor que o problema se
encontra no sistema democrático do “voto obrigatório”, mas também podem existir
outras explicações para a mesma desmotivação dos eleitores e, exercer seus
direitos de votar em bons políticos e mandar para o lugar que merecem os maus
políticos que enriquecem a custa dos eleitores com poucos esclarecimentos,
objetivos e desejos de participar da vida democrática, mesmo com o voto ainda
imposto!
Uma
ampla reforma política precisará ser feita para que o voto se transforme em uma
decisão consciente do eleitor e não à continuidade da imposição dos partidos.
Os partidos indicarão os candidatos e estes terão que convencer ao eleitor que
são os merecedores de sua confiança e voto.
No
Brasil, os “donos dos votos” dos eleitores continuam manobrando em bastidores e
impondo suas vontades ao povo. Em vários Estados, o ex-presidente Lula da Silva
e a presidente Dilma Rousseff se prestaram a um papel de cabos eleitorais de
vários candidatos a prefeitos de capitais. No caso de Manaus, o presidente Lula
chegou a dizer em palanque que preferia votar em qualquer outro “mequetrefe”,
menos no seu adversário pessoal, Arthur Virgílio Neto, que venceu as eleições.
Na Bahia, ACM Neto também derrotou pelo voto os apelos do ex-presidente Lula,
da presidente Dilma e de todos os aliados que apoiaram o candidato do PT à
Prefeitura. O eleitor, felizmente, está ficando mais consciente do que no
passado e não vota mais pela emoção, mas pela razão, felizmente.
.
O grande índice de
abstenção de mais de seis milhões de eleitores, no segundo turno das eleições
para prefeito, ainda é preocupante e o TSE reconheceu que alguma medida
precisará ser tomada. Talvez seja a reforma eleitoral que sempre é defendida em
épocas eleitorais, mas depois todos se acomodam em seus lugares e esquecem que
algo precisa ser modificado, com urgência, para qualificar mais ainda o voto.
Talvez, assim, muitos políticos que usam rádios, TVs e outros meios de
comunicação percam seus mandatos porque muitos só falam e nada fazem! Vamos
esperar!
Mon ami et poéte, Carlôs.
ResponderExcluirVc alinhou as possíveis razões e eu, como pessimista de carteirinha em matéria de eleição, ouso afirmar que se o voto deixar de ser obrigatório, a abstenção vai às nuvens.
O que falta, mesmo, irmão, é opção, é crença nos homens públicos.
Muita gente, como eu, já cansou de acreditar e assistiu ao malogro das suas expectivas, por anos e anos a fio.
Ótima crônica, companheiro! Felizmente sempre poderemos contar com gente capaz de análise e, sem paixão partidária de nenhuma espécie, disposta a expor as mazelas que a grande maioria do povo não enxerga.
Um gde e poético abç
Caro amigo Carlos Costa. Pelo seu artigo tudo nos leva a crer, que grande parte dos brasileiros não valorizam a Democracia, o voto pode ser o impulcionador de grandes mudanças. Temos refletido e até escritos alguns textos sobre isto, acreditamos, que o voto não deveria ser obrigatório, teríamos qualidade e não quantidade... Completaremos, - se Deus assim o permitir- 74 anos amanhã, nunca votamos em "branco" ou anulamos o voto, e ainda mais, nunca deixamos de comparecer nenhuma das eleições. Grato por colocar em seu blog nosso singelo texto. Abraços tenha um excelente fim de semana. Saul
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