Ah, lua, por que eu a
admiro tanto?
Seria, talvez pelo seu
brilho no céu, ou por que tenho medo que os astronautas voltem a pousar em seu
carpo, lhe espetem com bandeira, caminhem na luz de sua claridade e beleza ou
matem o cavalo de São Jorge?
Mas nem eu mesmo sei!
Ou seria por que você tem
inspirado a poetas terráqueos com sua luz, beleza e majestade?
Também não sei responder!
Mas
o que desejo lhe confessar, minha lua, é que escrevi muitos poemas pensando em
você, metaforizando sua beleza e majestade. Também desejo lhe informar que só
não enforquei o Neil Armstrong quando ele, com sua bandeira americana a deflorou
em seu lindo, suave e frágil corpo, enfiando-a em sua beleza, porque Neil reside
nos Estados Unidos, e entrou para a Nasa dois anos antes que eu ganhasse vida!
Ah,
mas como o Neil foi ingrato com você! Esse astronauta que anunciou que estava
dando um pequeno passo em sua beleza, mas que seria um grande feito para a
humanidade!
Fiquei
com ódio, raiva mesmo, e passei algum tempo sem olhar para o céu porque não
queria vê-la triste; nem levantava o olhar porque tinha medo de não ver mais o
lindo cavalo de São Jorge matando o dragão.
Por
que o Neil Armostrong em vez de enfiar a bandeira americana tremulante, mesmo
sem vento lunar em seu corpo, ele não ajudou São Jorge a matar o dragão que
quer lhe comer?
Ainda
bem que o astronauta que lhe deflorou sua beleza não voltará mais ao espaço porque
morreu aos 82 anos como um dos “maiores heróis americanos”, dito pelo
presidente Barak Obama.
Minha
lua, você sabia que o Neil recebeu muitas condecorações em seu país depois que
a violentou, a estuprou, lhe espetou uma bandeira americana em seu corpo
indefeso? Será que ele merecia tudo isso, só por ter retirado de você um pouco
de sua beleza que encanta os poetas na terra?
Sei
lá! Acho que por ter lhe retirado a paz, pisado em seu corpo indefeso, não ter
matado o dragão de São Jorge que lhe quer devorar, mas ter deixado seu brilho
que clareia e inspira poetas idiotas como eu, deveria até ter morrido, com
todas as honras de herói. Mas, nada, além disso, merecia só por tê-la acordado
com sua bandeira fincada em seu corpo, estuprando-a, naquele dia 20 de julho de
1969, assustando a muitos no interior do Amazonas, inclusive a mim, menino
inocente e sonhador, de apenas nove anos, que ouvia também pelas ondas do rádio
de pilha a narrativa da grande façanha e que vi minha avó chorando, dizendo que
o mundo iria acabar!
Ah,
minha lua, que você viva em paz, clareando a outros muitos poetas e cronistas
bobos como eu, que tanto reverenciam sua majestosa beleza e que seja infinita
enquanto possa durar, como dizia o poetinha Vinicius de Moraes!
http://fredcaju.blogspot.com.br/2012/03/lunar.html
ResponderExcluir16/01/2014 23:42 - Mariana Mendes
ResponderExcluirVerdadeira joia essa crônica. E tinha que deixar aquela marca grotesca no chão. Linda essa poética em louvar à musa dos poetas e ao São Jorge seu incansável protetor.Maravilhosa crônica.Abraços.
Sensacional! Sucesso.
ResponderExcluirLindo ! Gostei!
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