sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A LUA ESTUPRADA!


Ah, lua, por que eu a admiro tanto?

Seria, talvez pelo seu brilho no céu, ou por que tenho medo que os astronautas voltem a pousar em seu carpo, lhe espetem com bandeira, caminhem na luz de sua claridade e beleza ou matem o cavalo de São Jorge?

Mas nem eu mesmo sei!

Ou seria por que você tem inspirado a poetas terráqueos com sua luz, beleza e majestade?  

Também não sei responder!

Mas o que desejo lhe confessar, minha lua, é que escrevi muitos poemas pensando em você, metaforizando sua beleza e majestade. Também desejo lhe informar que só não enforquei o Neil Armstrong quando ele, com sua bandeira americana a deflorou em seu lindo, suave e frágil corpo, enfiando-a em sua beleza, porque Neil reside nos Estados Unidos, e entrou para a Nasa dois anos antes que eu ganhasse vida!

Ah, mas como o Neil foi ingrato com você! Esse astronauta que anunciou que estava dando um pequeno passo em sua beleza, mas que seria um grande feito para a humanidade!

Fiquei com ódio, raiva mesmo, e passei algum tempo sem olhar para o céu porque não queria vê-la triste; nem levantava o olhar porque tinha medo de não ver mais o lindo cavalo de São Jorge matando o dragão.

Por que o Neil Armostrong em vez de enfiar a bandeira americana tremulante, mesmo sem vento lunar em seu corpo, ele não ajudou São Jorge a matar o dragão que quer lhe comer?

Ainda bem que o astronauta que lhe deflorou sua beleza não voltará mais ao espaço porque morreu aos 82 anos como um dos “maiores heróis americanos”, dito pelo presidente Barak Obama.

Minha lua, você sabia que o Neil recebeu muitas condecorações em seu país depois que a violentou, a estuprou, lhe espetou uma bandeira americana em seu corpo indefeso? Será que ele merecia tudo isso, só por ter retirado de você um pouco de sua beleza que encanta os poetas na terra?

Sei lá! Acho que por ter lhe retirado a paz, pisado em seu corpo indefeso, não ter matado o dragão de São Jorge que lhe quer devorar, mas ter deixado seu brilho que clareia e inspira poetas idiotas como eu, deveria até ter morrido, com todas as honras de herói. Mas, nada, além disso, merecia só por tê-la acordado com sua bandeira fincada em seu corpo, estuprando-a, naquele dia 20 de julho de 1969, assustando a muitos no interior do Amazonas, inclusive a mim, menino inocente e sonhador, de apenas nove anos, que ouvia também pelas ondas do rádio de pilha a narrativa da grande façanha e que vi minha avó chorando, dizendo que o mundo iria acabar!

Ah, minha lua, que você viva em paz, clareando a outros muitos poetas e cronistas bobos como eu, que tanto reverenciam sua majestosa beleza e que seja infinita enquanto possa durar, como dizia o poetinha Vinicius de Moraes! 

4 comentários:

  1. http://fredcaju.blogspot.com.br/2012/03/lunar.html

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  2. 16/01/2014 23:42 - Mariana Mendes
    Verdadeira joia essa crônica. E tinha que deixar aquela marca grotesca no chão. Linda essa poética em louvar à musa dos poetas e ao São Jorge seu incansável protetor.Maravilhosa crônica.Abraços.

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