Decidi morar, viver e morrer afogado nas enchentes São Paulo.
Comprei minha canoa, motor e lancha para enfrentar as alagações da “terra da garoa”. Quando mudar, vou levar tudo que adquirir para sobreviver nas alagações das ruas. Até pular de barriga e nadar dentro do estádio de futebol está se podendo fazer...porque não imaginar-me passeando de motor regional, caiaque ou canoa com remo dentro de São Paulo.
No mínimo seria divertido! “Olha o louco aí, minha gente!” seria o grito que ouviria na “passarela do samba!”. E eu acenando com a mão, deslumbrado passeando com meus apetrechos pelas ruas de São Paulo!
Em minha crônica de ontem, falei que São Paulo está embaixo d’água, e está mesmo!
Por menor que seja a chuva, a cidade alaga, as marginais dos dois córregos que cortam a cidade transbordam, as ruas ficam intransitáveis, os carros bóiam e a calamidade é total. Por isso, já vou prevenido: chovendo, colocarei minha lancha, meu motor regional ou meu caiaque e vou passear no meio da rua! E ainda vou dar um adeus para as pessoas que me chamarem de louco!
Estou só sendo prevenindo!
Depois que souberem de onde sou, no máximo dizerão: “Esse é um cara que veio de Manaus e pensa que esses córregos são os rios Negros e Solimões!”.
Ficarei feliz se disserem isso!
Serei apenas mais um louco tentando sobreviver nas ruas paulistanas, a “terra da garoa”, que entra ano e sai ano e está ficando cada vez pior, pelo menos para quem tem carro. No Amazonas, que passa seis meses sob intensa chuva e os outros seis meses do ano são de sol escaldante, não acontece isso porque temos muitos córregos para as águas escoarem.
Por isso decidi: vou morar em São Paulo e, prevenido, levarei os equipamentos básicos de sobrevivência: motor, lancha, caiaque e colete para o caso de alguma necessidade!
Não digam depois que morri afogado porque não aceitarei. Os paulistas, sim, que estão morrendo afogados pelas águas excessivas, pelos transbordamentos de seus córregos, pelo excesso de lixo que jogam nas ruas, pelos entupimentos de seus esgotos, pelas constantes quedas de barreiras, enfim, se continuar escrevendo essa crônica, não haveria espaço suficiente para comentar as mazelas que o paulistano sofre todos os dias. Será que ninguém vê isso?
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