quarta-feira, 4 de julho de 2012

A MÁQUINA DE COSTURA SINGER DE MINHA MÃE!

A bermuda de tergal marrom com dois bolsos atrás foi costurada na máquina “Singer” de minha mãe, que possuía pedal, correia ligando a parte inferior à de superior e uma gaveta para guardar as linhas.  Toda a parte superior da máquina podia ser baixado em um suporte estrategicamente projetado na parte inferior para recebê-lo, transformando todo o conjunto em um móvel que podia ser coberto com um pano.

Toda fundida em ferro com a palavra “Singer” gravada logo acima do pedal, projetado com uma grade de ferro fundido para apoiar os pés que minha mãe, pedalando em um vai-e-vem para cima e para baixo com muito gosto, com uma fita métrica presa ao ombro, medindo, cortando, recortando e ajustando a bermuda que usaria pela primeira vez na vida na viagem em barco regional de madeira rumo a Manaus.

A máquina “Singer” de minha mãe não era usada só para costurar roupa dos muitos filhos, mas também para atender aos pedidos de pessoas da comunidade.

A companhia I. M. Singer & Cia, foi fundada em 1851 pelo empresário e inventor Isaac Singer, juntamente com o advogado de Nova York, Edwsard C. Clark. Em pouco tempo, tornou-se a maior fabricante de máquinas de costura doméstica do mundo. Chegou ao Brasil pelo decreto 9.996 da Princesa Isabel, com da sua primeira fábrica, a Companhia Industrial Palmeiras de Máquinas e Móveis, inaugurada na presidência de Café Filho e Jânio Quadros no Governo de São Paulo, segundo os registros históricos.

Era essa máquina que minha mãe possui até hoje, confeccionou a primeira bermuda que usei na viagem em busca de concretizar o sonho de estudar na capital e cobriu meu corpo com menos de 30 quilos. Na comunidade, era costume se usar calção de saco de açúcar branco ou tingido.

O motor regional deslizava suavemente pelo rio, produzindo ao ouvido um barulho forte, só queria mesmo sentir a suave brisa do vento acariciando meu rosto, apreciando o imenso rio e, depois, as luzes da cidade parecendo vagalumes piscando, mas nem imaginava que a máquina que costurou a bermuda que estava usando, deitado na rede, havia sido projetada na oficina de Orson Phelps, e fabricada por Isaac Singer, tornando a vida das mulheres mais fácil e, entre estas, a de minha mãe também.

Mas era essa a máquina que minha possui funcionando perfeitamente há mais de 50 anos na casa de uma amiga. Minha mãe a emprestou e nunca mais eu vi a “Singer” que costurou a bermuda que usei na vida, mesmo que só para matar a saudade de um tempo que não tinha e ainda não existia energia elétrica no Varre-Vento!