domingo, 1 de julho de 2012

PARINTINS FANTÁSTICO II (REMINISCÊNCIA/SAUDADE)

Era final dos anos 80 e o comandante do Batalhão em Parintins era o então tenente PM Ádson Costa. Muitos jornalistas estavam na cidade de Parintins, localizado no interior do estado do Amazonas, próximo a divisa com o estado do Pará, com uma população de 102 945 fixa de habitantes, se configurando como o segundo município mais populoso do Amazonas, mas triplicando a população na época da realização do Festival Folclórico, nos três dias finais de junho, ao ponto de não existir acomodações para todos os frequentadores.

Foi o que aconteceu quando da visita dos jornalistas de Manaus ao município para divulgar o XII Festival que se realizado no município em um tablado de madeira construído na pista do Aeroporto Júlio Belém, naquele ano de muitas saudades e lembranças gostosas. Tivemos que buscar uma acomodação, gentilmente cedida pelo empresário da cidade, Zezinho Faria, um prédio bonito, antigo, histórico, mas confortável!

Os jornalistas observaram que a cidade se dividia em duas cores, um lado era todo vermelho e branco, outro; azul e branco. Também observaram; acidentes de trânsito com fuscas trepados em postes, bicicletas e motos se abalroando pelas poucas ruas da cidade ainda pacata, estupros de vulneráveis, início do tráfego de drogas, uma justiça que não cumpria corretamente suas funções, poucos barcos de turistas estrangeiros, muitos motores regionais parados em um porto improvisado. Hoje, tudo mudou.

Em nível nacional, entre os municípios com população superior aos 100 000 mil habitantes, configura-se como o 274º mais populoso e o 139º mais populoso entre os municípios que integram o interior brasileiro, sem pertencer a alguma região metropolitana.

- Me dá esse microfone aqui, eu preciso falar também!  O outro boi também precisa se apresentar! Já chega de tanto falatório divulgando um único boi – gritava ao microfone o jornalista José Ribamar Garganta.

Num porre de matar de lenço, havia arrancado o microfone das mãos do apresentador do Festival Folclórico, que fazia o aquecimento da torcida e repassando o comportamento que torcida de seu pai que deveria ter durante a apresentação. A “galera” não entendeu nada do que estava acontecendo e só assistia a tudo em silêncio!

Na qualidade de Comandante da PM em Parintins, o Tenente Ádson Costa esta no local, pondo ordem e orientando sua tropa para evitar qualquer problema entre as torcidas – coisa rara porque se houvesse qualquer briga o boi perderia pontos – via alegremente as pessoas batendo com dois pedaços de taco de madeira, o que produzia um barulho ensurdecedor, em arquibancadas construídas com madeiras desmontadas ao fim de cada Festival.

- Garganta, por favor, não me crie problemas. Eu sou o comandante do pelotão e estou aqui só para evitar qualquer confusão. Mas não esperava que fosse com você, meu amigo,  iria me criar problemas - dizia educadamente o comandante do batalhão composto de poucos policiais ainda, o tenente Ádson Costa, mas sem fazer uso do microfone que permanecia mãos do jornalista.

- É...você é o comandante daqui? Então vá embora e se prenda em seu batalhão e só saia de lá quando eu mandar, disse ao microfone o jornalista Ribamar Garganta, para a risada geral dos presentes e desmoralização do comandante do batalhão.

 O tenente Ádson Costa conseguiu devolver o microfone ao apresentador do Festival, retirou o jornalista José Ribamar Garganta, fazendo-o descer do tablado. Eles eram amigos! Depois se abraçaram e desceram juntos, para a alegria das duas torcidas, a azul e branco e vermelho e branco. E se ouvia mais palmas com os dois pedaços de madeira quando o jornalista devolveu o microfone e deixou o tablado.

Acompanhamos o companheiro Ribamar Garganta até o prédio do empresário Zezinho Faria,  o colocamos dentro do banheiro, ligamos o chuveiro e saímos para continuar a farra. De volta, entramos no apartamento coletivo e o jornalista gritou de dentro do banheiro:

- O que aconteceu? Por que vocês me deixaram aqui? Pensei que estivesse chovendo! Rimos e não falamos nada porque ele não acreditaria se contássemos tudo...

De volta para Manaus, muito cansado, me apoiei em uma bicicleta que servia para a venda pipocas no Festival, escorada em uma parece no Aeroporto Júlio Belém. Fui fotografado por um repórter que editava um jornal na cidade e virei manchete em primeira página de seu jornal: “JORNALISTA DE MANAUS, BRINCOU, BEBEU E DEPOIS DORMIU EM UMA BICICLETA”. E lá estava a foto como prova do que a manchete anunciava, em letras garrafais.

Foi uma farra fantástica para aquela época!