sábado, 7 de janeiro de 2017

O TEMPO DESAPARECE! (A CARLOS COSTA FILHO)


Envelheci 19 anos ao lado do meu filho, mas o tempo deixa de existir quando se vive nele e em função de um filho. Mas tudo ocorreu há  19 anos  e tudo parece que foi ontem.

Lembro-me do nosso filho nascendo todo roxo, enrolado no pescoço pelo cordão umbilical e sua mãe Yara Queiroz recuperando-se da anestesia, perguntando-me através de um se bilhete se era lindo e eu respondendo que sim, masque estava um pouco roxo e inchado. Você veio ao mundo pelas mãos do médico Gerson Mourão. Ficamos felizes, mais sua mãe do que eu, ao saber de seu sexo no exame de ultrassom. Desejava uma menina, mas a sua mãe queria um homem. A Yara já tinha uma filha mulher, a hoje psicóloga e cantora Bella Queiroz.

Depois, lembro-me de um enfermeiro dando-lhe mamadeira com o leite de peito.  Na saída do Hospital da Unimed, foi consagrado ao Divino Espírito Santo pela avó Maria Luiza de Souza Queiroz. Ah, que saudades do seu sorriso inocente nos acordando com palmas, sorrisos e música produzida por  brinquedos de cordas  colocados sobre o berço pela sua babá Miraceli Ferreira, que você as puxava com alegria. Ah, como queria que o tempo voltasse só vê-lo criança de novo, acompanhar melhor e mais presente todo seu desenvolvimento. O tempo passa rápido, mas as lembranças ficaram e as guardo em um computador danificado por onze cirurgias no cérebro desde 2006, vítima de empiema cerebral, de origem até hoje desconhecida. O tempo passou para você, Carlos Costa Filho! Contudo, tudo parece que ocorreu ontem e não há 19 anos! Incrível, como as recordações felizes não me abandonam.

É meu filho, queria que você voltasse a ser criança de novo, queria lhe dar mamadeira no colo de novo e queria ver sua avó o consagrando ao Espírito Santo. Queria ver a Mira lhe tirando nervosa da boca da cachorra ou você levando o dedinho rumo à tomada de luz e ela dizendo-lhe que era perigiso. Do seu primeiro ano de vida, também guardo lembranças gostosas: contratamos um clube na Vila Municipal e você estava tão feliz, sorrindo com e para todos os convidados adultos, mas brincando com os filhos deles em um parquinho de diversão. É uma pena que não se lembre de nada disso. Mas ainda estou vivo para fazer-lhe lembrar do que acho que seja importante. Contudo, o que pode ser importante para mim, pode não ser para você, mas um dia será! Você será um adulto também e  se derreterá de alegria e felicidade pelo seu filho que ainda vai nascer, meu neto ou neta, não sei. Não tive a mesma sorte de ter um pai que me fizesse lembrar que nasci nu, pobre e que o estudo e o trabalho de criança infantil me fezeram diferente, responsável e equilibrado.


Hoje, reconstruo os restos da vida que me deixaram para viver, juntando-a com a sua e fazendo uma nova vida junto com sua mãe, Yara Queiroz!

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