Do lixo, podem retiradas muitas coisas, inclusive educação, cultura e dignidade!
O lixo, ainda responsável, infelizmente, pela alimentação de uma boa parte da população brasileira, apesar do programa de erradicação da pobreza, também alimenta o saber, desenvolve a cultura através conhecimento e proporciona cidadania digna e honrosa via educação!
Laissa Sobral e Walkiria Benites nunca se viram, mas decidiram enfrentar suas condições sociais de pobreza e passaram a pertencer a um mesmo time de guerreiras determinada: ingressar em uma Universidade!
Moram em lugares diferentes, têm idades diferentes e nem se conhecem. Uma, de 19 anos, passou a estudar gestão ambiental. O conhecimento prático que adquiriu como catadora de materiais recicláveis, poderá lhe ser útil na elaboração de seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), direcionando-o à melhoria da qualidade de vida de catadores de lixo, como ela fora.
Walkiria, com 36 anos, cursa ciências biológicas. Laissa; gestão ambiental Mas, até o ano passado, Walkiria tinha uma vida bem diferente, era gari, mas isso não a envergonhara apenas a motivara e a incentivara! O que poderia ser encarado como profissão inferior, foi assimilado como mais um desafio a ser vencido, apenas.
O mesmo trabalho que a mãe e a avó realizavam no passado, Laissa passou a realizar também, separando material reciclável, mas encontrou livros no meio do lixo, guardou-os, estudou por eles e se tornou universitária.
Que importância tem um livro na vida de pessoas, capaz de poder transformar destinos? Um livro jogado, no lixo conseguiu produzir transformações nas vidas de Laissa e Walkiria que, sem dinheiro para adquiri-los, porque o livro ainda é muito caro no Brasil cheio de impostos, os cataram no lixo! Não é a primeira vez que isso acontece, felizmente e não será a última crônica que escreverei sobre o mesmo assunto!
Duas verdadeiras guerreiras que usaram como armas, apenas livros e derrotaram um exército de leitores menos determinados que elas!
Laissa aproveitava cada folguinha, 15 minutinhos de intervalo, ou mesmo um tempinho livre na hora do almoço. Mas, já era o suficiente para revisar a matéria quando ela estava cursando o supletivo, antes de entrar na faculdade.
Educação também pode ser encontrada no lixo e as duas foram às provas!
A família de Walkiria também não tinha ninguém com curso superior, ela será a primeira. Até o ano passado, trabalhava como gari em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, das 7h da manhã às 15h, seis dias por semana e tinha que limpar 40 quadras.
“O sol acaba com a gente. Por isso, emagreci sete quilos”, conta Walkiria, ao visitar suas ex-colegas, que a notaram algo “meio diferente”, sua magreza, mas não vaidosa porque conhecimento nunca não gera vaidades, mas multiplica-se se for bem utilizado!
“Elas vão ter que matar um leão por dia, vão ter que se superar. Mas elas chegaram e que mais Laissas e Walkirias venham”, aconselhou o professor André Felipe Simões, de Walkiria.