quarta-feira, 4 de abril de 2012

OITO MESES DEPOIS, DESCANSE EM PAZ ROMILDO...!

ROMILDO DE SOUZA morreu de um derrame cerebral em julho do ano passado, mas só na tarde desta terça-feira (3/4/2012), seus irmãos conseguiram enterrá-lo com dignidade. 

Descaso, burocracia e erros processuais foram cometidos ao longo dos meses, após a morte do ROMILDO. Sua mãe, com a saúde abalada por causa da impossibilidade de enterrá-lo, acabou falecendo e estava ausente no dia de seu sepultamento.

Talvez ao reencontrar sua mãe em outro plano, Romildo, você possa pedir desculpas e perdão por ter morrido antes dela, em nome da Justiça do Brasil, por ter tido o azar de sofrer um derrame cerebral e ter dado entrada, sem documentos, no Hospital Rocha Faria, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Depois disso, Romildo de Souza, aconteceram tantos fatos inacreditáveis que você nem chegou a ter conhecimento.

O hospital não liberou seu corpo para ser dignamente sepultado  porque você não tinha qualquer documento. Seu irmão, Roberto de Souza, entrou na Justiça para vê-lo sepultado dignamente, mas devido ao descaso, uma sucessão de erros e entraves burocráticos, a Justiça do Brasil fez com que seu corpo permanecesse oito meses no necrotério! Imagino quanto frio você deve ter sentido, Romildo, totalmente nu dentro de uma geladeira?! 

Talvez você nem saiba, Romildo, mas sua morte se deu no Hospital Rocha Faria, na Zona Oeste do Rio. O médico lhe forneceu atestado de óbito, mas, sem a carteira de identidade, o cartório não pode completar seu documento e a sua identificação teve que ser confirmada por exames de impressão digital.  Terrível, não, Romildo? Imagino você coletando impressões digitais, mortinho da silva!

Em agosto do ano passado, Romildo, o processo pedindo a liberação de seu corpo para o sepultamento foi encaminhado ao fórum errado e sofreu mais um atraso.

A Defensoria Pública enviou ofício pedindo a liberação de seu corpo, para ser enterrado em São João do Meriti, na Baixada Fluminense.

Acontece, meu caro Romildo de Souza, que o juiz despachou seu processo, não reparou que o texto estava cheio de erros (como se você fosse culpado por isso) enquanto você, Romildo, permanecia na geladeira do necrotério do hospital como se já houvesse sido enterrado num cemitério com nome diferente.

Em janeiro deste ano, a juíza substituta fez novo despacho, mas manteve o erro, que só foi corrigido na semana passada.

“Ninguém percebeu o erro e a família também não reclamou”, disse o juiz Luiz Henrique Oliveira Marques, mas reclamou sim, Excelência. Tanto reclamou que a mãe de Romildo de Souza falecera em função dessa demora, lentidão e sucessivos erros judiciais!

Como uma mãe não teria reclamado o corpo de seu filho, que jazia inerte em uma câmara fria, Excelência, se até falecera antes que o filho pudesse ser sepultado?

Excelência, Sr. Juiz Henrique Oliveira Marques, sabe o que aconteceu na verdade, nesse caso? Os irmãos, com o sepultamento de Romildo deram por encerrado um longo período de angústia. “O sepultamento foi digno, como o que eu dei a minha mãe. Isso era o mínimo que poderia acontecer diante de tudo que a nossa família viveu”, declarou Roberto, irmão do falecido.

Mas para mim, o problema não está encerrado e espero que erros como esses, que desencadearam  angústias como dessa família, em nome de uma burocracia, um formalismo e uma lentidão excessiva da Justiça, além de erros por culpa de formalismos bobos não voltem a se repetir para que outros Romildos e outras mães de outros Romildos não venham a ter que morrer antes de seus filhos. A Justiça matou Romildo de Souza e sua mãe, duas vezes! Pela burocracia, uma e pelos erros, outra!