Final dos anos 70 em Manaus, poucas emissoras!
A Rádio Rio Mar, que pertencera à Igreja Católica, anunciava sempre às 15 horas, na voz forte de um locutor de estúdio:
-A Rádio Rio-Mar apresenta o teatrinho infantil, num oferecimento de Gessy Lever! Não sei quem produzia ou apresentava esse programa.
Contando as historinhas infantis e adolescentes, todo o programa não durava mais do que 30 minutos. Ouvia aquelas estórias e me emocionava, imaginando os detalhes e viajando pelos conhecimentos e lugares que informavam.
Era um verdadeiro teatro em rádio - se falavam de um cavalo, lá vinha ele com suas patas à galope, com duas cuias batendo em uma mesa, se diziam uma porta se abrindo, ouvíamos o barulho, se mencionavam trovão, o barulho era produzido com o balançar de uma folha de alumínio lisa e assim eu também viajava, imaginando todos os diálogos, as portas se abrindo, o cavalo branco do príncipe se aproximando, o beijo roubado que ele não dera... Os sonoplastas tinham muito trabalho para produzir todos os sons!
Assim deveriam ter sido produzidas todas as “Rádios Novelas” veiculadas nas emissoras do Rio de Janeiro e outros Estados em que também as reproduziam! Os rudimentares efeitos especiais eram feitos dentro do próprio estúdio, por sonoplastas, com tudo que lhes pudessem servir para os almejados , vassouras, raios, chuvas... tudo!
Ao final do programa, o mesmo locutor voltava a falar: “A Rádio Rio-Mar acabou de apresentar o teatrinho infantil, num oferecimento dos produtos Gessy Lever”! Depois e antes do Teatrinho Infantil tocava uma música característica que já o identificava!
Era o máximo! Todo o dia não perdia nenhum programa. Minha imaginação, já fértil, viajava para outros mundos, outras dimensões e depois pousava suavemente no mesmo lugar em que me encontrava!
E viajava como estou fazendo agora, com as belíssimas crônicas escritas pelo professor da UEA – Universidade do Estado do Amazonas, Almir Barros Carlos, relembrando coisas que existiam no passado, mas que desapareceram em nome de um progresso que quando constrói, também destrói.
Os cinemas de Manaus, a cidade em seu apogeu, suas lembranças, igarapés, pontes...bailes carnavalescos, cinemas, o Parque Amazonense, onde vendi picolés e levei muitos cascudos na cabeça e tantas outras coisas mágicas e tão magnificamente relatadas pelo professor! Também vivi muitas de suas lembranças, mas em outro contexto e em outra condição social também!
Ao mesmo tempo em que leio e postos suas crônicas no blog Brasil em Versos Amazonas, faço uma viagem diferente sem comprar passar passagem, só sentado em minha poltrona e relembrando essas maravilhas que perdemos.
É...mestre, o senhor foi o culpado de eu ter escrito essa crônica relembrando o “Teatrinho Infantil”, veiculado pela Rádio Rio Mar!